Cheguei em casa depois do trabalho. Antes aluguei uns filmes para não sair da rotina, tentando viver essa vida normal. Mas o filme era anormal, porque me senti mal, deu rima, mas me senti mal. Não me passava pela cabeça que tinha algo a ver com psicose e uma neura de algo no passado que talvez tenha me atormentado. Então meu primeiro pensamento foi voltar para cá onde posso escrever, o que meu coração pensa, o que resoluta, e muitas vezes se fecha também, com medo de dizer a mim mesma quem sou.
Se ligo a tv, vejo uns absurdos, cenas que apelam para somente dar ibope. Será que as pessoas não se sensibilizam mais com conversas ao som de talheres e pratos, mesmo que para discutirem coisas triviais? Talvez seja o tempo, muito corrido – é o que digo para mim mesma o tempo todo quando não consigo falar com minhas amigas e o máximo que consigo são envios de mensagens que são passadas como correntes e que não me interessam.
Bom, na realidade eu não cheguei aqui para reclamar de nada, mas acabei fazendo isso, e talvez tenha que mudar o título dessa carta.
Se pudesse desejar algo agora , queria que as letras pudessem viajar em sinfonias. Havia um tempo em que assistia à patinação no gelo, a música tocando, um casal, ou mesmo uma bailarina no gelo... Sentia que voava junto com eles. Era magnífico.
Se pudesse fazer minhas letras cantarem, queria que fossem pássaros voando alto até o azul do céu e voltando em bandos, e mais tarde poderia ver uma árvore crescendo com o breve passar daquelas asas.
Se pudesse eu transformaria meu pedido aqui num sorriso, mesmo que num rosto desconhecido. Como esta canção agora, nunca vi o autor, nunca assisti a um concerto de Vivaldi, mas ele me fez sorrir, e sentir saudade de tempos que pensei que estavam bem longe.
A felicidade é muito mais possível do que se imagina. Basta um momento como esse...*
YOSHIE
Jan11th,2004 – 00:33am
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