No dia 07/01/2004, eu pedi a opinião dos leitores sobre um juiz que, “ao julgar um indivíduo que furtara um automóvel, enquadrou-o nas penas de todos os delitos constantes do nosso Código Penal, somando um tempo mais do que suficiente para o réu passar o resto da vida em regime fechado”.
Vinte pessoas leram o texto.
Todavia, somente um foi capaz de dizer que o juiz “cumpriu a lei com justiça".
Os demais leitores não tiveram a coragem de opinar. Será que temeram o juiz? Ou foi pura preguiça de analisar dar sua opinião? Pode ser que, por comodidade, aceitem sem questionar o que quer que esse juiz faça.
E a realidade parece enquadrar em todas as três hipóteses. Esse juiz é o mais venerado em toda Terra, como perfeito, justo e bom.
Um dos seus serventuários advertiu:
"Pois qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar em um só ponto, tem-se tornado culpado de todos" (Tiago, 2: 10).
Outro disse:
“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” ( Marcos, 16: 16).
Outro disse:
“E todos os moradores da terra são reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera no exército do céu e entre os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Daniel, 4: 35).
E um dos seus porta-vozes escreveu:
“Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas. (Isaías, 45: 7). “O meu conselho subsistirá, e farei toda a minha vontade” (Isaías, 46: 9, 10).
Outro porta-voz também informou:
“...eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam” (Deuteronômio, 5: 9).
Diante de todas essas ameaças, é compreensível que os homens que se vêem sob a jurisdição do referido magistrado permaneçam em silêncio diante de suas decisões, por mais absurdas e incompatíveis com a justiça que sejam elas.
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