Querida afilhada Márcia,
Hoje, vendo os seus olhos transbordando no pranto daquela saudade angustiada do ramo que se desprende do tronco, da cria que, embora já tenha saído da casa dos pais para viver o seu matrimônio, depara-se com um ruptura brusca na sua vida familiar; vendo a dor estampada no semblante da Léa e a máscara do sofrimento afivelada ao rosto do Roberto, pensei demoradamente nos caminhos de Deus.
Esta vida, aparentemente um enigmático e complicado quebra-cabeça, na verdade tem a clareza de todas as coisas traçadas pela mão do Divino Mestre. Ele, sabiamente, vai nos conduzindo suavemente pelo itinerário da nossa existência, mandando uma legião de anjos benfazejos para nos conduzir com segurança e, até mesmo quando nossos pés pisam pedregulhos e o saibro poeirento das estradas mais difíceis, seus braços macios, porém superprotetores, evitam que soframos as agruras mais cruentas da caminhada.
Vocês seguem no rumo do desconhecido, mas, como os de antigamente que foram orientados pela Estrela Guia, buscam o Norte e vão amparados pelo Mestre dos Mestres, o Bom Pastor.
Posso, cerrando os olhos, enxergar uma trilha de luz na vida de vocês: Fabrício, Bibício e você mesma.
Fiquei hoje emocionado quando você acariciou os meus cabelos encanecidos e lembrou-se da sua infância, quando, juntamente com a Ana Cristina, pintavam o sete com os meus cabelos, colocando neles sabão, óleo de cozinha, pimenta e tanta coisa mais. Eu me transportei para o passado num rápido e alucinante flash back, quando as horas eram tão alegres e os dias tão repletos de novidades.
Se alguma força os padrinhos podem dar a uma afilhada, sinceramente, querida Márcia, eu desejo com muita intensidade o seu sucesso, que as horas de saudades e de dor pela separação dos seus queridos pais, que as lágrimas derramadas pelo Roberto, pela Léa, D. Cristina, Dr. Moreira e por vocês, sejam a seiva que as sementes do êxito necessitam para vicejar.
Vão com Deus!
Um beijo do seu padrinho e de sua madrinha