Muitos têm tentado negar o que eu sempre disse: que a toxicomania começa quase sempre com o tabaco, que a maconha é o segundo passo, que o fumante tem mais propensão para ser alcoólatra. Mas, além de outras matérias já encontrada, uma do Jornal do Brasil confirma tudo isso por estatística.
“Pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB) constatou que o jovem brasiliense recorre cada vez mais ao uso de drogas, sendo o cigarro a porta de entrada mais comum para a maconha, a cocaína, a merla, o crack e o lança-perfume.
Foram entrevistados 2.661 alunos de dez a 20 anos dos ensinos fundamental e médio das redes pública e particular no Distrito Federal (DF). Dentre os jovens tabagistas regulares, 50% já usaram ou usam um desses tóxicos. Entre os que se declaram fumantes ocasionais, 17% relataram o consumo de outras drogas. E apenas 2% usaram entorpecentes sem ter fumado.
Embora tenha mostrado uma redução de quase 50% no número de jovens que já experimentaram cigarros nos últimos seis anos (de 33,7%, em 1997, para 16,5%, em 2003), o estudo revela que o número de adolescentes que fumam regularmente se manteve estável ao longo desse tempo - em torno de 10,5% da população nessa faixa etária no DF. Por sua vez, nos últimos oito anos, o número de adultos fumantes na capital da República caiu de 40% para 30%.
- Constatamos, por exemplo, que 87,5% dos jovens assumidamente tabagistas usam álcool com regularidade. Entre os fumantes ocasionais, o número cai para 73,6%. E entre os não fumantes, a grande diferença: 20,8% bebem. Muito menos, se comparado aos fumantes – comenta a médica Márcia Cardoso Rodrigues de Sousa, responsável pela pesquisa.
O delegado Sérgio Rolo, da Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), acredita que, na cabeça de muitos jovens em busca de afirmação, o cigarro é o primeiro passo a ser vencido para ganhar reconhecimento. Isso acontece por volta dos 12 anos. Depois, vêm os entorpecentes mais pesados. Segundo ele, a idade crítica é aos 16 anos e que boa parte das apreensões é de jovens ainda com uniforme escolar.
O jovem de periferia R. A. D. O. experimentou cigarro pela primeira vez no colégio, aos 10 anos. Aos 13, experimentou maconha, ao que se seguiram a primeira carreira de cocaína, a primeira lata de merla, o cachimbo de crack...
De acordo com o médico Carlos Alberto Viegas, orientador da pesquisa, é a turma o maior incentivo para que o jovem comece com os entorpecentes. A idade média de iniciação no cigarro é em torno dos 12, 13 anos.
- Dentro de casa, as maiores influências que verificamos é o fato de a mãe e o irmão mais velho fumarem. Se um deles fuma, a chance de o adolescente fumar é maior. A mãe, ao que parece, porque passa mais tempo com a criança. O irmão, porque é um exemplo, um apoio. O hábito de fumar do pai não faz muita diferença. Talvez porque passe mais tempo fora de casa - comenta Viegas.
Em busca do sustento para o vício, o que menos importa é o dinheiro. Nas regiões pobres ou de melhor poder aquisitivo, os jovens conseguem, de uma forma ou de outra, os recursos para comprar cigarros e drogas. Aluno de colégio particular, M. A. S., de 16 anos, confessa já ter furtado aparelhos de carros para comprar maconha perto de casa. O cigarro comum, que usa diariamente, é comprado com dinheiro que os pais dão para o lanche na escola.
Já na periferia, C. A. B. P., de 17 anos, trabalha de ``aviãozinho``, levando drogas por encomenda a clientes dos traficantes da região. Assim consegue os três cigarros de maconha que fuma por semana, a cocaína que usa com os colegas e o maço diário de cigarros.
Na opinião do médico Carlos Alberto Viegas, chefe do Serviço de Pneumologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB), os programas de esclarecimento sobre os males causados pelo tabagismo dão resultado com os adultos, mas pouco servem para os jovens.
O coordenador do Programa de Controle do Câncer e do Tabagismo, Celso Rodrigues, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, afirma que, desde o início de 2003, o governo tem realizado nas escolas o Programa Saber Saúde, que treina professores para trabalharem com os alunos de 4ª a 8ª séries os males causados pela ingestão de nicotina.
Segundo Rodrigues, o próprio professor, capacitado pelo programa, acaba percebendo a péssima influência que tem sobre os estudantes ao fumar na escola. É um ídolo e precisa dar o exemplo aos alunos, especialmente de 10 a 14 anos, que busca modelos. Ele afirma também que o programa combate a difusão da droga como instrumento de afirmação para os jovens.
Fonte : Jornal do Brasil”
INCA
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