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Cartas-->Ao Plácido -- 20/10/2001 - 01:57 (maria da graça almeida) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Caro Plácido,

Está noite sonhei com um bebê, recém-nascido, que me cravava os dentes no dedo.
Acordei com um profundo e dolorido sulco no polegar.
Danada! Pegou-me de jeito, a boquinha careca!
Estranho... fincar dentes inexistentes...

Com o dedo ainda fragilizado - o ataque foi de respeito- sentei-me ao computador.
Li seu texto que se referia- não placidamente- aos poetas.
Acho que me senti tal qual a bossa nova, quando acusada de apenas cantar o amor e a flor.
Aí entendi o sonho... como se tivesse recorrido àqueles antigos livrinhos de interpretações.(veja bem, eu tão fantasiosa e pretensiosa, quanto)
A mordida de um banguela: mordida: a sua, enquanto disse que apenas ficávamos nos coçando; de um banguela: você,por não ter tido a sensibilidade necessária para entender o que se passa na alma e percepção do poeta.
Você mordeu, depois soprou ou assoprou, mas o sopro espalhou-se irônico...a brisa dos poetas...

Se lhe pareço agressiva, delete. Talvez ainda impressionada com o pesadelo, tenha um dizer desagradável. Não sou agressiva e tento não ser desagradável, às vezes não se consegue... O banguela é figurado.

Na realidade, quero dizer que não imagina como é o de dentro de um poeta e de que maneira o de fora o maltrata e o cotidiano o dilacera.
E o mais estranho é que esse exagero de sensibilidade é como se fosse uma doença incurável.Não há jeito que o ajeite. E ele já se nos instala quando do nascimento. Minha mãe sempre dizia que eu a frustrei tão logo nasci, porque dos filhos, fui o único para o qual ela não pôde entoar as doces cantigas de ninar.
O produto da cantoria nunca me foi o sono, apenas um soluçar emocionado.

Não posso falar por todos, aliás acho que ninguém pode. A máxima de cada um, é dizer de si e assim mesmo, correndo o risco de errar, porque somos, todos nós, detentores de sentimentos não cristalizados, passíveis de mudança, a qualquer instante.
Somos, acredito, uma grande surpresa, até para nós mesmos.
De qualquer forma, falando por mim somente, quero dizer que não canto apenas o amor e a flor. A dores próprias e as alheias, com certeza, impressionam-me muito mais do que um canteiro de hortênsias ou um olhar apaixonado.
O que difere é o dizer em sua forma e figuração.

E o que mais posso dizer do poeta ? Dizer da forma de seu olhar?
Então vai:
O olhar do poeta
é absoluto.
Lento, diferente.
Profundo!
Não vê comumente.
Não enxerga o óbvio.
Vislumbra... além.
A diferença desse olhar
reside na total falta
da sincronia dos olhos
com o pensamento.
Enquanto o olhar vaga,
o pensamento elabora.


Um abraço Plácido, Fecundo e
de Graça,

Maria da Graça Almeida
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