Viajei ao rés da noite, prossegui nos atalhos da antemanhã, ouvindo os galos da madrugada tentando anunciar o romper do dia na garoa densa da cidade deserta.
Desci lépido a ladeira da memória, subi a rampa do esquecimento, procurei nos escombros de minas abandonadas recolher as imagens mais vivas das saudades que me sufocam.
Conversei com as sombras, rezei para os meus santos e pedi proteção para essas minhas andanças incansáveis.
Ouvi todas canções que me emocionam, até mesmo aquelas que detesto; escutei silêncios eloqüentes, apascentei sonhos, adubei ilusões; parti e cheguei.
Em tudo e por tudo encontrei você: indo ou vindo, sorrindo ou chorando, calmo ou ansioso, moço ou maduro, pois você realmente é tudo quanto amealhei ao longo da minha vida.
Sem você, por óbvio, o céu não tem cor, o sonho murcha, o dia escurece, a rosa fenece, a música cessa, a poesia não tem rima, a vida é um vazio...
Para você, querida, todo o meu amor, o amor da minha vida, o amor que guardo e entrego inteiro a você.