Presumia tratar-se de uma companheira fraterna, brasuca de gema, com maviosos latidos de colibri e deveras experimentada em dominar os canzarrões que lhe batiam a cauda durante os impulsos do cio. Desejei até acariciar-lhe realmente com ternura o dorso, tendo ficado um tanto ou quanto triste logo que tive notícia de seu internamento numa clínica para lhe ceifarem os amorosos delírios, impedindo-a definitivamente de sonhar com uma bela ninhada de belos e brincalhões Biozinhos... Se possível... Com a marca do meu esplêndido e espectacular Zap-Zap... E este, sim, exposto sob qualquer violenta atmosfera, não tem dúvidas, ferra-me a mim...
Constava-se-me que era delicadamente meiga para os donos e condignamente áspera para estranhos, como de resto é dever da sua crucial e objectiva profissão, impondo-se num ladrar austero, o bastante para intimidar quem ousasse penetrar em sua área de exercício. Ora, pois, talvez porque descobrisse com o andar do tempo que estava privada das habituais emoções que a arrastavam deliciosamente à cata de benquistos companheiros, começou a tornar-se impacientemente colérica e muito capaz de meter a fundo o dente em qualquer incauto que agora lhe passe ao alcance...
A Bia ferra...
Ao sentir-lhe o espaçado roncar, afigura-se-me algo de assaz paradigmático no estilo de expressão agressiva, mas... Como já tenho seis dezenas e meia de anos em permanente simpatia pelos fieis caninos... Parto do princípio que a culpa dos eventuais acidentes pertence sempre à acção dos humanos. Então... Diz-se até que os cães são o espelho reflector da personalidade e da condição dos donos...
Posto isto, Bia, mesmo que de futuro passes o resto da vida a ferrar-me, de antemão estarás desde logo perdoada, ainda que em sobressalto me obrigues a cuidar amiúde dos fundilhos...
Usina... Sempre na berra
Para eficaz salvação
Eis aqui a sugestão
Evidente: A Bia ferra !...
Diacho de cadela... Já foi tão meiguinha e ternurenta... Ou será que estou mesmo enganado na bicha?...
Torre da Guia = Portus Calle
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