Nossa usina de letras
Já virou um grande circo
Tá repleta de palhaços
Da extinção corre o risco
Se descaracterizou
Já se desmoralizou
Seu futuro nem arrisco.
Já pedi pra São Francisco
Roguei a nossa senhora
Me apeguei com todo santo
Pra cambada ir embora
Gente que quer destruir
A usina quer explodir
Sinto que tá perto a hora.
A literatura chora
Vendo tanta discrepância
Descalabro e prepotência
Pavoneio e arrogância
Esqueceram o cultural
Pra se dedicar ao mal
Ou coisa sem importância.
Gente que não teve infância
Ou mesmo do lado ruim
Não hesita em fazer mal
Pra justiçar seu fim
Tão matando o usina
Com essa gana assassina
Tal qual fizeram com o Tim.
Mas o mundo é mesmo assim
Quem não tem capacidade
Se vale de algo errado
Só pra fazer a maldade
Já que não tem o talento
De inspiração é isento
Vive de mediocridade.
Além dessa impunidade
Impera a lei do cão
Os pavões dominam tudo
Ficou cego o guardião
Nesse mundo de ninguém
Nenhum conteúdo tem
Só vejo mal-intenção.
Sem nenhuma condição
Foi embora a maioria
Dos que sabem escrever
Que escreveram um dia
Preferindo a ausência
Auto-impondo penitencia
Na grande dor que sentia.