Às vezes tenho a nítida impressão de viver em dois mundos, distintos e sobrepostos. Talvez justifique “um pouco” minha loucura de estar aqui e vagar por entre relíquias do meu passado, garimpando lições, reciclando idéias. Montando e desmontando o que será meu futuro, por vezes sobrando peças ora faltando. O que era certeza já não é tanta. O corpo está aqui, mas a mente viaja, e tamanha a rapidez que quase consegue por abaixo a lei da física, ela por fragmentos de segundos conseguiria estar em dois, três, quatro, cinco ou até mais lugares ao mesmo tempo. Alguém ousaria entender o “meu tempo”?
Sou contradição. Não, não contra adição, mas há momentos que nossas atitudes são tão opostas ao que “pregamos”. E ainda exibimos títulos de mestre, mestre em alguma coisa. Decididamente, sou aluna. E daquelas bem arteiras, diga-se de passagem. Eu assusto com a imensidão dos castelos que consigo construir com tão pouco, e não são frágeis pela altura. Assim dou morada aos meus dois mundos, ou serão mais? Estranha a capacidade que temos “de dar” o que não possuímos e buscamos. Damos paz, mas a queremos.
Têm horas que vago pelo céu, horas agarro a um pedaço qualquer, horas me perco, fico por entre as nuvens contemplando tudo, neste momento deixo de atuar, viro platéia sem endereço, observo cena e atores, todo o contexto, aprendo com as falhas, reciclo os velhos erros. Esse é o meu mundo... onde aconteço.