Presumo que não podeis ser directa, Senhora, estais impedida pela horrenda e sinistra tonelagem que os milénios de cultura-ao-invés implantaram em torno de QUASE todos os vivos de agora, transidos de intraduzíveis receios. Os poetas, os grandes pensadores-escritores, os ascetas, até, que isolados na montanha temem produzir som ou qualquer espécie de mensagem, como lêdes decerto na torrente de escritos que fazem curvar as estantes da história, também estão, salvo o QUASE, os loucos em coragem, tão poucos, que se oferecem à mão-foice dos gloriosos criminosos legais e dos que lhe seguem a peugada, que são aos milhões e milhões, cadáveres-vivos onde a poeira começa a trabalhar naturalmente antes da morte. Alguns, só quando cegam, é que vêem a tragédia por onde andaram arrastados.
Inclusive, senhora, estais amordaçada com o nome lícito de vosso eventual amante na garganta, tal com os tomos de poesia estão a abarrotar de silêncio gritando para dentro... Não ouvis pelos olhos?!
Oh... Se fosse eu Vosso adequado parafuso, gemeria, daria de lenho em voz se de madeira, daria som estridente se metálico...
Oh... Senhora, que tristes são as algemas das palavras para manietar o silêncio. E o silêncio também tem sangue e sente.
Perdoai-me, Senhora... Este desabafo faz-me muitíssimo bem porque me pareceu ouvir o ego de Vossas palavras... E a Vós, Senhora, não fará mal algum.
Por fio de muito antanha moda, actualmente...
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