Agora é definitivo: vou colocar uma pedra sobre o assunto.
Recebi conselhos, muitos por sinal, no sentido de deixar de lado as lamúrias, de sepultar de uma vez por todas os ranços de passadas amarguras, de evitar trazer azedumes para os leitores e para os amigos, pois não é de boa praxe ficar patinhando no território liso e escorregadio das decepções e dos desencantos.
Refleti um pouco e concluí:todos estão certos. Não é boa prática ficar azucrinando os ouvidos e turvando os olhos dos amigos com águas sujas e passadas. As pessoas começam a nos evitar pois não há quem goste de ficar ouvindo as lenga-lengas enfadonhas que, na verdade, só entusiasmam aqueles que passaram pelos fjordes da ingratidão, do ódio e da insensatez.
Hoje, logo ao nascer do sol, inaugurei uma nova postura: a de quem enxerga a vida pelos prismas mais leves, mais iluminados, mais harmônicos e mais tranqüilos.
A gente ganha em confiança e otimismo. Os amigos retornam a conversar conosco, porque é de alegria que as pessoas precisam para enfrentar a rotina enervante e cruel do dia-a-dia.
É bom para a saúde a gente deixar de repassar as cenas infelizes e tristes, substituindo-as pelos momentos de realização, amor,comprensão e paz.
Um minuto! Preciso de permissão para ir até a janela. Quero ver, na árvore que fica bem em frente ao meu gabinete um ninho que um casalzinho de pássaros está construindo febrilmente.
Como é bom ver a vida renascendo!