Muitas vezes, na vida, quem sabe isto ocorre para nos poupar, só chegamos a tomar conhecimento das notícias tristes muito tempo depois que elas acontecem.
Ontem, para confirmar o que acabei de dizer acima, somente ontem, decorridos já vários dias, é que tomei conhecimento, caro Epaminondas, que você viajou.
Aí, imediatamente, eu fiquei recordando aquelas noites na Avenida Monsenhor Tabosa quando pontilhava a sua inteligência rápida, o seu raciocínio, o seu poder criativo.
Pensei na Joana, aquela menina ideal que você criou para o Serrão. As cartas, o romance, a única maneira de tirar o rapaz da solidão e do stress do vestibular, a descoberta patética no dia mesmo em que ela, supostamente, chegaria a Fortaleza para visitá-lo, mas ali já havia passado o vestibular e ele não necessitava mais do estímulo e do incentivo.
O almoço na sua casa, a gafe do Emanuel com aquele famigerado estado puerperal. Tudo era motivo de riso, de alegria, o riso e a alegria dos tempos verdes, quando a vida era um festival de coisas boas e os planos que a gente fazia varavam décadas...o mundo era nosso.
Depois, você andou sumido e, quando apareceu foi com os cangaceiros debaixo do braço.
Ainda umas duas vezes, lá no meu gabinete, você irrompeu acompanhado do João das Máquinas, querendo saber notícias do processo da sua irmã.
E agora? Só restou a saudade e estas lembranças soltas que espalho aos quatro ventos, pois os amigos que se vão, necesssriamente levam consigo uma fatia ponderável do nosso mundo.