Em pronta obediência à sua referência, via e-mail, reescrevo minhas inexpressivas linhas sobre “solidão”, tema que me tem encabulado, mas que, aos poucos, vai-se clareando em minha mente, ansiosa sempre, de apreender suas idéias, tão interessantes e sedutoras.
Você jamais me cansará com suas conjecturas, ao contrário. Bebo, em cada frase sua, o néctar de versos que se embalsamam do leve labor da construção.
Realmente, para mim, solidão e tristeza se coadunam. Não a solidão do “estar sozinha”. Pode-se estar só, sem contudo mergulhar-se na solidão. Sei que me entende.
No momento, estou aqui, sem ninguém... Até minha cadela, Bia, escolheu olhar os que passam na rua e distrai-se a correr pra lá e pra cá, ao longo do muro. Mas, nem por isso me vejo “só”, ou sinto solidão. Vejo todos os cômodos da casa repletos de presenças que surgirão logo... E a casa estará “só”, de mim, pois sairei agora, só retornando à noite.
Quero dizer, enfim, caro poeta, que a solidão é sentir uma ausência perene de algo que nos faria reviver, se presente estivesse... E isso nos deixa, se não totalmente tristes, talvez, nostálgicos e com os olhos baços por uma lágrima que morre antes mesmo de haver brotado...
Nossa!
Acho que a prolixidade se estabeleceu e preciso terminar, antes de enredá-lo com minha falta de enredo...