Você está bem? Eu espero que sim. Bem... eu estou do jeito que você me deixou: Confuso, sofrido... obtuso.
Eu estava correto. Acertei em cheio o meu coração. De alguma maneira eu sentia um desconforto, uma ansiedade... talvez pode ser o sexto sentido, ou a consciência. Só sei que ela me danou, me deixou grogue, me deixou mal.
Aquele dia eu voltei pra casa como um zumbi. Quer saber... eu não pensei em nada! Não consegui. Quando acordei consegui clarear os pensamentos... olhei para a sua foto e me veio o primeiro pensamento do dia: “você havia escondido isso.” Portanto você mentiu, e mentiu não só uma vez, mas várias vezes. Mentiu durante todo o tempo em que passamos juntos. Mentiu quando disse não haver mais nada a ser dito. O dia, então, foi repleto de pensamentos do tipo “tudo não passou de um ‘tapa-buraco’ de um caso não resolvido”, “confiança... saiba quando e onde”, “todo essa desconfiança nada mais foi do que o saber não ocupar todo o espaço em um coração”... Isso mesmo. Eu tinha o quarto, a sala e, acho eu, área de trabalho... ele tinha a cozinha do seu coração. Faz sentir mal ter um estranho deitado no meio da cozinha da gente. Mas será que não seria o contrário. Será que eu não estou na casa de alguém? Afinal de contas “Ele era a pessoa CERTA na HORA errada” e se fosse o contrário, ou e se fosse agora, ou talvez.... existe hora certa, hora errada já que esta é a PESSOA CERTA?
Espero que ninguém leia esta carta. Espero que ela fique guardada pra sempre, como uma caixa de Pandora. Amaldiçôo a todos os que lerem a sofrer o mesmo transtorno.
Pois bem... o navio chega em dois dias em Lisboa. De lá mando outras novidades.