"Reproduzimos, na íntegra, a notícia do Boletim Eletrônico da Aliança Por um Mundo, enviado a seus membros, com uma análise dos mitos divulgados nos discursos e estratégias da indústria do tabaco para minar as propostas da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco.
"A cada dia cresce mais a adesão dos países às propostas da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, assim como o reconhecimento de que o consumo e a produção de tabaco são incompatíveis com desenvolvimento social e econômico dos países. Vide relatório da 11a. Conferência Quadrienal das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, UNCTAD XI, que ocorreu no Brasil em junho passado.
No entanto, hoje assistimos perplexos as atuais estratégias da indústria do tabaco e de seus correligionários no Brasil. Através de colocações totalmente infundadas, esse grupo busca criar um clima de hostilidade entre fumicultores e políticos das regiões produtoras do fumo, para com as iniciativas do Governo Brasileiro no sentido de deter as 200.000 mortes anuais devido ao consumo de produtos de tabaco, sobretudo de cigarros.
Esses grupos também têm procurado disseminar o temor com a Convenção Quadro para Controle do Tabaco, uma iniciativa da OMS e de 192 países para reverter o alarmante quadro de 5.000.000 de mortes precoces tabaco relacionadas que acontecem anualmente em todo o mundo.
A cada dia, cresce no Brasil a freqüência com que vemos veiculados na mídia, nas homepages de companhias de tabaco e das associações que lhes apóiam, mensagens do tipo:
“ Extinção da cultura do fumo geraria perda de 2,5 milhões de empregos.
A erradicação da cultura de fumo, uma das propostas da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco da Organização Mundial de Saúde (OMS), vem sendo criticada por diversos atores envolvidos na cadeia produtiva...
... Pode parecer simpática essa política antitabagista para quem não tira o sustento do fumo. Mas é uma ignorância. Creio que esse acordo que tramitou praticamente escondido será aprovado pelo Congresso. Mesmo assim, temos de espernear e mostrar ao mundo que discordamos (Hainsi Gralow, presidente da Afubra e da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Fumo em matéria do Zero Hora de 01 de agosto de 2004).
...- É bonito levantar a bandeira do antitabagismo. Mas o governo não se dá conta que é um tiro no pé. Só em impostos, a indústria paga R$ 6 bilhões. Os países que assinaram o acordo não se sustentam com fumo - afirma Gralow.”
É preciso entender que, na verdade, o que a Convenção-Quadro para Controle do Tabaco promove é a redução do consumo, doenças e mortes tabaco relacionadas, sem perder de vista que no longo prazo essa redução poderá impactar negativamente na produção. Nesse sentido, através do seu artigo 17, a Convenção expressa claramente essa preocupação, estimulando os países produtores a se organizarem para identificar alternativas economicamente viáveis, principalmente para o elo mais frágil da cadeia produtiva do fumo, a fumicultura.
Diante desse cenário é importante que toda a sociedade brasileira reflita:
Com toda a verdade sobre o tabagismo que a ciência coloca hoje diante de nós, é possível para qualquer PROFISSIONAL DE SAÚDE ignorar que o consumo de produtos de tabaco causa doenças graves e fatais e que os fumantes devem receber apoio para se livrar de sua dependência da nicotina?
É possível para alguma FAMÍLIA aceitar que através de propagandas enganosas, seus filhos e filhas sejam induzidos a consumir produtos de tabaco e assim a engrossar as fileiras de consumidores cativos dessa indústria que sempre coloca seus lucros acima das pessoas?
É possível que algum governo hoje ignore que o controle do consumo de produtos de tabaco deve ser uma prioridade nas suas agendas de saúde e de desenvolvimento?
Essas são algumas das preocupações expressas no texto da Convenção negociada por 192 países e adotada pela Assembléia Mundial de Saúde em maio de 2003.
A quem interessa retardar a ratificação da Convenção Quadro pelo Brasil?
- Aos milhões de fumantes que hoje tentam se livrar de sua dependência e não conseguem?
- Aos milhões de pacientes com câncer de pulmão e outras graves doenças tabaco relacionadas?
- Aos milhões de trabalhadores que por serem dependentes desviam para comprar cigarros, parte da renda familiar que poderia ser usada para comprar alimentos?
- Às milhares de famílias desamparadas por terem perdido entes queridos com doenças causadas por produtos de tabaco?
- Aos cofres públicos que têm que arcar com os custos de aposentadorias precoces por doenças tabaco relacionadas cujo tratamento e reabilitação são extremamente onerosos?
- À sociedade brasileira?"
Fonte : Aliança por Um Mundo sem Tabaco
Sabemos que os impostos arrecadados da indústria do tabaco não cobrem mais do que a metade do que o Estado gasta com as conseqüências do vício.
Como o tabaco só ganha a indústria de cigarros, e todos mais só perdem.
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