To com falta de ar, parece que tudo ao meu redor está quieto, todos parecem cochichar, e o uivo do vento é somente um sussurro que me vem de longe, parece mais brisa que vento, e o céu infindo não passa de um borrão negro feito displicentemente por uma criança mimada e sem talento, e as estrelas que prepotentemente tentam brilham nessa mórbida mancha de céu parecem mais vaga-lumes sem graça e sem sentido como o animal citado, somente senão por uma busca de beleza solitária, mas totalmente dispensável por hora.
Olho para essas coisas lânguidas, montuado de carne, suspensa por ossos e cartilagem que se movem ao meu redor e não vejo absolutamente nada, não sei se estou cego ou envolto numa neblina espessa e densa, ou senão, essas coisas que se movem, hoje, não querem, conseguem ou eu mesmo aceito que me digam nada, absolutamente nada, porque quando abram a boca para falar de amor falam como se estivessem lendo bula de remédio, e como máquinas parolantes falam demais para minha cabeça, que agora, depois de anos parou por alguns minutos sua desgovernada obsessão filosófica e viu de forma clara a verdadeira força de tudo.
O mundo se tornou inda mais pequeno depois de hoje, mas tão distante como nunca, e meu pisar firme em terra me mostra que inda vivo estou, pois pareço assim para quem me olha, mas por dentro sou resto, sou vazio, sou pedaço do que foi um dia algo que se possa chamar de idiota coração, essa carne vermelha e pulsante, suavemente emocional está batendo ao ritmo de um idoso tétrico, 40 estacas por minuto fincam em meu imaginário algo próximo do fim, e pelas minhas mãos vacilantes só me resta escrever, é somente isso o que me resta hoje, escrever sem parar para não enlouquecer outra vez, e eu sei, essa vez será de vez.