Há muitos anos, quando eu ainda experimentava os arroubos da mocidade, recebendo uma comissão de concludentes do segundo grau, na cidade de Teresina, pude exortá-los a seguir carreira no campo do Direito. Afirmei, então, que apesar do alude de processos que pesava sobre os meus ombros, jamais eles iriam encontrar um desencorajamento escapando dos meus lábios, muito pelo contrário, se eu tivesse que seguir outras vezes um caminho profissional, não vacilaria em percorrer o mesmo itinerário, submetendo-me ao mesmo concurso penoso e difícil.
Agora, decorridos tantos anos e estando caminhando por mais de trinta anos de magistratura, tendo passado por incontáveis agruras, feita a pergunta se eu teria a coragem de insistir nesta carreira aspérrima, engana-se quem pensar que eu teria palavras de fel, palavras acres, repontadas de mágoas e frustrações; ao contrário, diante dos meus lembrares surgem-me muito mais passagens gratificantes e belas do que as derrapadas profissionais(que foram muito poucas). Aqueles que procuraram me atingir, na realidade, perderam tempo e saúde e a lama que procuraram me jogar, com toda certeza, será redirecionada para a fonte impura de onde veio.
Aprendi a amar o Direito do Trabalho e a Justiça do Trabalho. Pouco me importam as críticas feitas á instituição, mormente, aquelas que apontam o processo do trabalho como coisa muito simples, entediante.
Não penso assim, muito se reflete, muito se escreve e muito se decide nesta nossa seara. E já tenho visto muito medalhão em outras áreas naufragar nas lides laborais.
Cada macaco no seu galho, cada especialista na sua
área. Pode ser expressão tautológica, mas funciona.
A você, então, que me pede conselho, pode confiar na resposta de quem já tem os cabelos encanecidos: siga em frente, abrace a magistratura e use o poder da sua inteligência para se destacar no deslinde das questões que lhe forem postas ao exame.