O artigo sobre a relíquia apresentada como um dos resquícios do Templo do rei Salomão, me faz lembrar outra relíquia. Aquela que o personagem do Eça de Queiroz trouxe para a tia-mecenas, que lhe pagou a viagem a Jerusalém. Para mostrar que não se tinha esquecido da veneranda senhora, o sobrinho menos venerando, fez-lhe, caprichando, um lindo pacote, onde colocou um espinho, supostamente (como escrevem os jornais brasileiros, ao traduzirem do inglês "supposedly") da coroa de Jesus. - Num outro pacote, também caprichosamente embalado, colocou uma pecinha feminina íntima, esquecida entre suas próprias, de quando fazia incursões menos sacras. Pretendia, o honrado cidadão português, devolver a coisinha para sua dona legítima. O correio se encarregaria de fazer as entregas disjuntivas.
Vai daí que os pacotes foram trocados e a tia recebeu o embrulho com a pecinha íntima. E acabou-se, então, a bolsa de pesquisa que a tia havia dado ao sobrinho safado. E sem perdão.
É preciso entender de relíquias para poder apreciá-las no seu devido contexto. O que não aconteceu com a tia. -
E a relíquia do rei Salomão? Sinto muito, diz o Museu, mas falsidade não tem perdão.