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Cartas-->Carta a Santo António -- 29/01/2005 - 00:46 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CARTA A SANTO ANTÓNIO


Segundo se depreende, Santo António - ora de Lisboa, por nascimento cerca de 1180, ora de Pádua, aonde morreu em 1231 - discursava aos peixes para lateralmente insinuar-se na curiosidade de seus eventuais ouvintes e assim, pelo menos, fazer-se escutar atentamente por alguns deles. De acordo com o que sobre este notável frade franciscano a história regista - António de Bulhões, era o seu nome de baptismo - sabe-se que detinha e dominava uma personalidade de brilhantíssima e veemente erudição. Colhi algures - sem que o autor estivesse mencionado - a seguinte apreciação:

Santo António não olvidou a excelência da contemplação, mas sublinhou não obstante a circunstância terrena do homem como corpo e alma, sem deixar de considerar que a abertura à exterioridade não transforma o amor ao próximo no apego à posse das coisas, estando neste caso o culto da pobreza, nomeadamente as críticas severas que dirigiu aos prelados e dignatários eclesiásticos, por se comprazerem nos luxos de então.

Como facilmente se extrai, sabendo como se sabe que o sentimento de amor pleno se revela por si mesmo em espontânea doação, é deveras impressionante que um ser humano se doe indiferentemente a quem quer que seja. Salvo no amor de pais para filhos, com sensível excepção percentual, e nas paixões absolutamente sadias, que tão minguadas são, os tempos que decorrem, no que a amor integral concerne, apresentam-se em flagrante crise de moral e de valor. As sociedades hodiernas debatem-se em conflito espiritual que não cessa de amalgamar-se, deteriorando o mais lídimo dos sentimentos humanos. Hoje em dia, dá riso, e até gozo de estupidificante rebaixamento, falar-se seriamente de amor. A este sujeito, ocorre-me a sensação de uma espécie de "salve-se quem puder" para que seja possível fruir o esplendor de querer plena e incondicionalmente a alguém.

Eis-nos pois, leitores de todas as condições e de todos os credos, no fabuloso espaço internético, gigantesco lugar virtual aonde uma só muito ínfima parte vai logrando algum crédito e veracidade. Os pais actuais, assoberbados de trabalho e preocupações permanentes para sustentarem a estabilidade familiar, tendem a proteger e a afastar os filhos do mais importante - é inquestionável - meio de cultura e informação que existe, algo que cada vez mais se desenvolve e cujos parâmetros de dia para dia mais se tornam indefinidos.

Considero que a Internet fornece uma carga tão mentirosa, tão mentirosa que, ao mesmo tempo, por aí se revela o mais eficaz dos meios para que a verdade se revele, permitindo ao raciocínio rasgos de genial capacidade de inteligência, quer para o bem quer para o mal individualmente entendíveis.

Consabe-se que o descrédito colectivo gera incontornavelmente o caos. No caso da Internet até o crédito é desde logo preconceituosamente desacreditado, e só não há caos porque os utentes não podem atirar com os monitores e os teclados uns contra os outros. Excelente.

Em suma e no ensejo escrevendo para Santo António: querido santinho padroeiro, como nada me adianta levar o computador para a praia e com algumas migalhas convocar os peixes, imaginando o que provavelmente farias se no teu tempo dispusesses de semelhante maquineta, intento pelo menos descobrir o teu endereço electrónico para te enviar um poema e quiçá merecer uma sincera nota.

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