Já me vi diversas vezes diante dessa indagação que dá titulo ao texto e com o passar do tempo observei minha reação sendo modificada pela vivência.
Primeiro reagia com indignação e ficava interpelando meu próprio pensamento de maneira transitiva:
“ Por que será que as pessoas duvidam que esse texto seja realmente meu? Será porque talvez este seja bom demais para a pessoa que represento para elas?”
Isso suscitou uma dúvida, a de que havia uma incongruência entre meu comportamento diante das pessoas e a minha expressão escrita, e que esse talvez fosse o motivo principal de suas hesitações em acreditar da veracidade do autor de tais textos.
Num segundo momento então, a minha reação foi mudando de aversão para envaidecimento branco (espécie de fortalecimento da auto-estima) e aceitei de bom grado suas dúvidas, sinal que tinha mesmo algum talento para aquilo que abraço com muita paixão...ao invés das dúvidas me deixarem triste, hoje são a garantia que minha palavra não é vã, em vão ou em “vãos”.
Poucas do meu círculo de convívio mais próximo(amigos e colegas de trabalho) sabem que escrevo, temo por um rotulamento, por uma segregação, as pessoas fantasiam muito com a literatura e tendem à achar que as pessoas envolvidas com essa arte são desligadas da realidade...faze o quê, não é mesmo?Ainda não chegou o tempo certo delas saberem.
Outro dia redigi um texto de ficção, e só para fazer um teste, passei adiante para alguns amigos que desconheciam essa minha aptidão, de antemão já previa a reação de alguns deles e acertei na mosca, pois recebi uma ligação minutos depois e a voz do outro lado dizia:
“- Pô muito legal esse texto que você me passou por e-mail! Mas tô ligado que não é seu não, fala a verdade cara, de onde é que você copiou?”
