Depois de ter enviado 6 (seis) matérias para artigos a esse jornal, sem que V. Sª me dessem a honra de uma edição, cheguei a conclusão, tardia conclusão, de que estou sendo sumariamente rejeitado por esse jornal. Principalmente depois da publicação da matéria “Tsumani e o Brasil”, o qual muitas pessoas recortaram e guardaram em seus arquivos, como uma jóia de um pensamento novo e contrário às velhas concepções de felicidade que se tem os energúmenos endinheirados daqui de Jaú. Quem não gostou, evidentemente sofre de problemas de identidade pessoal. Isto é, não sabe se deseja a salvação, ou se anseia pela maldição. Claro que respeitando e considerando, o bom gosto e a sadia vocação, que V.sas têm pelo jornalismo profissional e principalmente democrático, em meio a uma politicalha deteriorada existente em Jaú, desde a escravidão. E, no entanto, essa vocação de V.sas. não aparentou possuir tanta democracia assim, a respeito de minha pessoa.
Estou, como nordestino, acostumado a ser discriminado pelos paulistas, principalmente aqui em Jaú, desde 1957 quando cheguei. Contudo, graças a Deus existe uma Web disponível a todos que apreciam a arte de escrever. E o mundo saberá o que enfrentei aqui nesta cidade, desde o ano da graça de 1957. Afinal são quase seiscentos milhões de indivíduos que falam o português correntemente.
Mas, o que me ofende e tem ofendido até aqui é o fato de V.sas rejeitarem meus trabalhos em silêncio. Seria demais mandar um aviso: “ô idiota! Pare de mandar seus artigos que não estamos interessados neles!”. Ficaria mais decente e bem mais honesto.
Mas, aprendi essa lição que V.sas me deram. Daqui pra frente não enviarei mais nada. Contudo, solicito encarecidamente uma última providência: peço, por favor, que V.sas entrem em contato com o setor de “Assinaturas” e cancelem o envio do jornal para minha residência de imediato, mesmo que eu esteja ainda em crédito. Se isto fere algum de seu bom alvitre, determine ao tal setor de “Assinaturas” que não envie mais o jornal quando terminar o prazo da assinatura.
Sabe, Sr. Bonato, carrego uma doença comigo que é aquela de não poder ler, ouvir, ou sentir uma opinião qualquer. Logo surge uma opinião contrária dentro de mim, claríssima, com argumentos passíveis de serem provados. Então, por isto mesmo não posso continuar recebendo opiniões em minha porta, as quais não posso refutar. Principalmente, quando são opiniões da Idade da Pedra Lascada, concebida por eminentes doutores da lei ou pessoas recém-saídas das universidades. Parece até que as escolas hoje ensinam os alunos a desaprenderem! Ora, a gente aprende apanhando, sofrendo, tentando outra vez e nunca na boa vida. A gente entende isso. O que não entendemos é a persistência da opinião conservadora que atrasa nossa perspectiva de um futuro melhor. E pior: quando enunciada por um acadêmico.
Botar o pensamento no papel é um dom que a juventude moderna dificilmente coordenará, posto que é ensinada a não pensar, ou a distrair o pensamento em coisas subjetivas.
Portanto, estou rejeitando o jornal que me rejeita. É direito do jornal. E é meu direito. A diferença é que eu tenho a dignidade de mandar o meu aviso, sem permanecer na socapa.