Saudade, de novo e agora.
Saudade, afinal, quem és tu?
O que desejas de mim?
Saudade, eu te conheço.
Já te peguei em flagrante,
quando ela bem distante,
deixou-me contigo a chorar.
E pude então aprender.
E posso agora ensinar.
A saudade é a dor da partida;
o querer sofrido; o choro, o gemido
de um desejo reprimido.
Saudade tem nome e tem cheiro.
Perfume e calor ardente.
Guardados na nossa mente.
Com saudade, não se vive.
Quando muito, pela metade.
Saudade é o calar sufocante.
É o próprio desencanto.
É a vontade de morrer.
Envolto em boas lembranças.
Saudade é a dor presumida.
É ferida que não sara.
Sem a presença devida.
Saudade é solitária.
Um nó seco na garganta.
Saudade, não adianta.
É como a seca do nordeste.
A gente convive com ela,
torcendo pra que a chuva,
volte logo e nos alegre.
Saudade é planta aguada,
que nasce dentro da gente.
Regada com choro e lágrima.
Saudade é solidão.
A solidão temperada.
A solidão amargada.
Saudade, ninguém esconde.
Saudade é sempre saudade.
Consola, e desagrada.
Saudade demora muito;
Demora pra ir embora.
Um dia tem mais de ano.
Saudade é dor infinda.
A lembrança de um momento.
A ausência do passado.
Saudade, por fim, não discuto.
Na sabedoria do povo.
É como diz o matuto:
saudade, minha gente,
é vontade de ver de novo.