Manchete na mídia norte-americana: mulheres, sobretudo jovens, expostas à fumaça do cigarro têm um risco até 90% maior de desenvolver câncer de mama. É o que mostra uma revisão de mais de mil trabalhos publicados sobre o tema. Segundo um desses trabalhos, até mesmo uma hora de exposição ao fumo por dia triplica a possibilidade de câncer de mama.
Esta notícia é preocupante de maneira geral e é preocupante, sobretudo no Rio Grande do Sul, onde parte da economia está ligada ao cultivo do tabaco e à produção de cigarros. Atividades que, num passado ainda recente, eram vistas como algo normal; para muitos doutores, o fumo teria até propriedades terapêuticas. Mas, em 1950, dois médicos ingleses, Richard Doll e Austin Bradford Hill, mostraram uma definida relação entre tabagismo e câncer de pulmão. Uma surpresa, particularmente para Doll, que era fumante e tinha deixado de ganhar as cinqüenta libras que o pai lhe prometera se abandonasse o cigarro antes dos 21 anos (conseguiu-o aos 37).
A partir de então, as evidências foram se acumulando, não só em relação ao câncer, mas a uma variedade de outras doenças. Nada indica que esta tendência vá ser revertida. Há três semanas, entrou em vigor a Convenção Internacional para o Controle do Tabaco, assinada pelos 192 países-membros da Organização Mundial da Saúde (OMS). Controlar o tabaco é tarefa urgente, e é tarefa grande: existem atualmente cerca de 1,3 bilhão de fumantes no mundo, 84% dos quais vivem em regiões atrasadas (onde é mais fácil convencer pessoas a fumar). São cerca de 5 milhões as mortes anuais: um de cada 10 adultos do planeta. A cada ano, 200 mil brasileiros morrem precocemente por doenças causadas pelo tabagismo: 90% das mortes por câncer de pulmão, 25% das mortes por doença coronariana, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica e 25% das mortes por doença cerebrovascular.
E o que se pode fazer? O primeiro alvo é o bolso: a cada 10% de aumento no preço do produto, o consumo reduz-se em 8%. A taxação, contudo, dá aos governos um rendimento em impostos nada desprezível. Neutralizado, claro, pelas despesas com hospitais, com invalidez e pelo custo humano, mas isto é coisa que não aparece de imediato. Por outro lado, os altos preços pagos pelo tabaco servem de motivação aos agricultores. Daí a necessidade, preconizada pela OMS, de medidas que os ajudem a diversificar sua atividade. Será bom para eles e será bom para o mundo. As fumantes passivas que o digam.
Fonte : Zero Hora - Rio Grande do Sul
http://www.inca.gov.br/tabagismo/atualidades/ver.asp?id=355
Se você quiser receber um aviso cada vez que este autor publicar novo texto, basta clicar AQUI e enviar.
Não use esse link que aparece acima do texto e depois do link do currículo;
Porque esse serviço agora está funcionando só para assinantes.
Utilizando o meu, eu lhe enviarei pessoalmente o aviso.