Em consequência das desagradáveis peripécias "pseudo-literárias" que em tempo transacto me envolveram e tive de enfrentar aqui na Usina, eu, que tinha uma simpática e ternurenta afeição pelas coisas do Brasil, e sobretudo pelas brasileiras, comecei a ficar de nariz ao lado e a interrogar-me com meus botões: - Caramba, Torre, estavas mesmo profundamente equívocado na tua ingénua tendência!...
De princípio para princípio, presumi uma montanha de motivos causais e assim andei perplexo e perdi bastante tempo à procura, como é soer dizer-se, da rolha, a qual cada vez mais inchava e não cabia em sítio algum.
Referi peripécias desagradáveis?... De todo desagradáveis mesmo, espécie de imbróglio estupidificante capaz de desmotivar o mais paciente dos indivíduos. Todavia, entre o rodar dos dias, fui constatando que o dominó xinês tombava à medida que novos usineiros apareciam enredados na mesma lide. Entretanto ia quedando-me surpreso e sempre à espera que a Usina rebentasse. Pudera, a sensação era inevitável.
Afinal, e já lá vão mais de três anos, a Usina não rebentou, nem eu. Mais, recuperei o afectivo sentimento pelas coisas do Brasil, e sobretudo pelas brasileiras. Diacho, na Usina, como em qualquer paradigmático sistema, as instituições e pessoas sinceras em suas convicções permanecem, vivas ou em boa memória, sejam quais forem os maus ventos que decorram e os escolhos que se afrontem.
Daí e a concluir com um ditado inédito a propósito, agora que neste efeito o calo de pombo sabido me aprumou exemplarmente o nariz, escreverei: não há espertalhão manhoso que vença almejão teimoso.
António Torre da Guia
O Lusineiro |