Eztas má trassadas linha são as úrtima qui inscrevo pru sinhô.
Acabô seu disgoverno.
Acabô, si Deus quizé, o tár do neoliberalismu no Brazí.
Acabô meu emprego (seu Oswardo, o da fasenda defronte à vossa, me ademitiu eu, Dagildo, Domiciano e Borges).
Acabô minha paizciênça.
Por isso, tamo ganhano mundo, seu Fernando.
Chega de bancá o besta!
Se assente numa portrona qui eu tenho uma nutíça pá lhe dá: aconvencidos pelo Dagildo, Domiciano e Borges, Nena e eu entremo na filêra dos cigano sem-terra.
Tamo acampado e tudo. Já aprendemo o hino do Messetê e tamo seno fabetizado pelas cartilha do Paulo Freire.
Quano o sinhô arrescebê essa carta, taremos – junto maiz mír famílha aqui de Buritis – dentro de sua porpriedade.
Eu sei qui isso vai lhe trazê dezgosto. E o qui Voz Celença já passô de nelvoso esse 2002 foi dimais da conta, nóis tem cunciênssa diço.
O Antóim Carlos lhe apedrejô.
O Peagá lhe intristeceu.
O Serra lhe deixô desacorçoado.
Mas teve geito não.
A porprósta dos cigano sem-terra foi a mió pá nóis.
Cum tanto chão aqui em Minaz, Goiaz, Spríto Santo – sem falá na Mazônia e nus Maranhão, pra que nóis vai se privá de fazê o qui nóis tem direito, que é trabaiá a mó de butá pulenta na boca dus nossos fí?
Asseite minhas condolenssa, seu Fernando.
Maiz fique sabeno tamém qui, ninguém mió qui nóis, pá tocá u pedacim de terra qui foi de Voz Celença ( e agora é di quem trabaia a mó di fazê o Brazí sê o qui é).
Os boi brangu vão tê uma atenssão redobrada.
As prantassão toda vai vicejá como o quê.
Os saláro num vai trazá maiz.
Resumino: mió que isso, só duaz veiz isso.
Mande lembranssa pá Nhã Ruth. Diga qui o carramanchão dela vai ficá uma belezura di bem cuidado.
Adeuz, rapaz-ex-prisidente.
E se alembre sempre duma couza: nóis pode até sê caipira, maiz neobobo nóis nunca fumo não.
Que Deus lhe portreja dos Procuradô da Rimpúbrica, amém!Alencarino,
Nena, Cleoso, Juberto, Fatinha, Neninha, Dagildo, Domiciano e Borges.