É curioso, mas o resultado esperado de algumas atitudes tomadas é inteiramente o avesso daquilo que calculamos. Você, ave agourenta, pensou que estava espalhando o mal na minha vida e na vida daqueles que me cercam, tirou-nos oportunidades, perseguiu-nos enquanto durou o seu poder, mas, como se estivesse lançando sementes boas em solo fértil, tudo quanto você planejou deu o contrário: eu estou aqui, precisamente, por sua causa, porque fui impulsionado a tentar e a pedir a Deus, exatamente porque meu chão ficou minado; minha afilhada, que chorando teve que partir para muito longe, hoje está segura de que tem um enorme futuro à sua frente, embora longe de casa, de seus entes queridos, mas, construindo um lar argamassado com amor e muito esforço, com toda certeza será muito bem edificado e muito sólido; minha filha, amparada por anjos de outras plagas, vai levando a vida num crescimento lento, mas sempre crescimento; meu filho, que foi impedido de ser aquilo que eu tanto desejei, mostrou, numa atitude que eu inicialmente nem compreendi, o rumo que ele mesmo queria para sua vida, teve a coragem de esnobar você, fazer o que poucos têm a coragem de fazer.
Tudo isso, ave agourenta, graças a você, triste figura do mal e do ódio, que Deus colocou no mundo para espalhar discórdia e ressentimento, mas que eu agora, só posso sentir uma imensa pena e, por mais estranho que pareça, uma pequena dose de agradecimento.