Gosto da frase, considero que tem engenho e isso desde logo me suscita ir atrás dos outros gatos:
" - Nossa! Que gato! Bem que podia descobrir o meu telhado! ".
Santinho, até me apetece fazer miau-miau, renhau-nhau e abanar emplumadamente o rabo que não tenho.
Bem... A gata teve sorte. De regreso à solidão do seu telhado, deparou-se-lhe um gatarrão estirado ao luar. Volta e mais volta, reviravolta e nada. Cogita a gata: aqui há gato de certeza...
E havia, dado que o estranho felino não se interessou um momentinho pela ronronante gatarrice da companheira.
Bem - cogitou outra vez decidamente a gata - aqui, além de gato, há também necessidade de pôr três ou quatro gatos no gato...
A dicionarusina enriquece-se mais ainda: gato, de erro, e gato, de grampo, um daqueles arames recurvos que os antigos picheleiros colocavam nas panelas rotas.
Haverá ainda mais gatos?! Ocorre-me um gato que adorei quando era miúdo: o gato Felix...
Miau-miau... Renhau-nhau... Assim, ao correr da tecla, terei dado algum gato?!...
Acreditem ou não, neste momento encontro-me numa aflitiva situação de calor a raiar o insuportável. Estou mesmo tentato a abrir a geleira, estender um tapete à entrada, deitar-me como um gato e meter lá dentro a cabeça à procura de alívio...
Saravá. Pela ideia, tenho a sensação que estou no Brasil.
António Torre da Guia
O Lusineiro
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