OMS ALERTA BRASIL SOBRE LUTA ANTIFUMO
Por não ter aderido ao tratado, País pode deixar de receber financiamentos
Jamil Chade, correspondente
O Brasil começa a ser excluído de programas internacionais de financiamento por não ratificar o tratado de controle do tabaco da Organização Mundial da Saúde (OMS). A informação é da diretora do programa antitabaco da OMS, a brasileira Vera da Costa e Silva, que cobra daquele que acaba de ser confirmado como novo ministro da Saúde, Saraiva Felipe, ações concretas para obter a aprovação do acordo no Congresso.
O tratado foi fechado no ano passado e já entrou em vigor, mas até hoje o Brasil não o ratificou, apesar de ter presidido o processo. A especialista e uma das principais ativistas internacionais contra o cigarro anunciou nesta semana em Genebra que, depois de cinco anos à frente da campanha antitabaco da OMS, deixará o cargo em agosto por motivos pessoais. Leia trechos de entrevista que Vera concedeu ao Estado.
Como a sra. avalia o fato de o Brasil ainda estar fora do tratado?
É uma grande tristeza. O Brasil deveria ser um dos países mais interessados em fazer parte do acordo, já que as decisões que forem tomadas de agora em diante pelas economias que importam o fumo vão ter repercussão direta sobre as exportações brasileiras. O argumento dos fumicultores do País é de que as vendas serão afetadas se o Brasil aderir ao tratado, mas o que vai afetar essa produção não é a queda no consumo local. 85% do fumo cultivado no País é exportado e é uma pena que o Brasil não veja o grande tiro no pé que está dando. Até a China, o maior produtor de tabaco, já está com o processo de ratificação avançado. O Brasil ficará numa situação complicada.
O futuro ministro da Saúde deve mudar a estratégia para convencer os senadores a aprovar o texto do acordo?
Ele deve reforçar o trabalho do controle do tabagismo e tentar influenciar o Senado para evitar o lobby da indústria. O ministro deve mostrar que esse lobby não pode ser mais poderoso do que os interesses de saúde pública do brasileiro.
Mas como a adesão do Brasil pode ajudar o fumicultor?
O fumicultor vai estar muito mais seguro se o Brasil ratificar o tratado. O acordo prevê negociações para debater o que ocorrerá com os países importadores e ainda haverá programas de financiamento para apoiar os agricultores. Fora do acordo, o Brasil não terá como participar dessas negociações nem se beneficiar desses recursos.
Ao deixar a OMS, a sra. tentará influenciar a situação no Brasil?
Vou me tornar uma consultora independente no Rio e farei o que estiver ao meu alcance para influenciar.
Fonte : O Estado de São Paulo
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