Desde que comecei no meu trabalho voluntário com crianças carentes, minha forma de encarar o mundo mudou. Saí da minha confortável cadeira e dos sonhos utópicos, arregacei as mangas e fui à luta. Só vendo de perto a realidade e entendendo o que sentem os que necessitam de nós, é que aprendemos que temos tudo e nada damos. Somos tanto e somos nada. Não adianta ficar gritando pelas ruas e praças ou somente ciberneticamente o que está certo ou o que está errado. Quem deveria fazer o quê. Quem traiu quem. Quem é o Judas. Não. Adianta não.
Levanta teus olhos e vê. Vem ver o que é precisar de uma chance e não ter nem em que se acreditar ou que se possa ter em algumas horas.
Sai de seu casulo empoeirado e vira uma linda borboleta (ignore o sexo), macho ou fêmea, venha!
Enquanto estamos em paz, sentados no sofá comendo pipoca, agasalhados do frio, crianças precisam de um segundo de nossa atenção, de nosso carinho. Um pouco do nosso olhar de amor e paz. De carinho e amizade. De verdade.
Enquanto respiramos tranqüilos, milhões respiram remédios num leito de hospital, quem sabe em momentos finais desejando apenas um abraço, um aperto de mão.
Enquanto brindamos o vinho, drogados necessitam do sangue dos nossos corações gelados e embrutecidos pelo preconceito. Pela falta de sentimento. Devemos saber que esse é um problema real, é que fatalmente baterá à nossa porta. Se não por um lado, por outro. Se não em casa, nas ruas. De uma forma ou de outra, estará em nossas vidas.
Enquanto você pensa os minutos passam, os segundos voam e uma outra vida pode estar se apagando nos sonhos que todos temos direitos a ter. Sonhar independe de cor, credo e raça. Sonhar e fazer virar realidade. Virar verdade na vontade firme e apoiada por alguém: Por que não você?
Não adianta politicar. Faça sua parte, já é o bastante. O problema é nosso também. O problema é de todos. Se quem deveria fazer e não faz, isso não interessa; o que realmente interessa é que temos que dar-nos às mãos e trabalhar pelo que acreditamos ser dignidade.
Chega de achar culpados, precisamos entender que se não nos ajudarmos, não vai adiantar ter o melhor carro importado, ou o mais belo apartamento (eu, particularmente, não gosto de apartamentos); nem o mais exuberante vestido, cartões ou cheques. Se não começarmos a entender que está em nossas mãos o futuro de várias vidas, nada seremos em vida nenhuma. Não seremos seres.
Nesse instante, há vários velhinhos em asilos. Sós. Desgastados. Cansados. Um dia a mais? Para eles não importa. Pense que alguns minutos do seu sorriso, é festa aos olhos deles. Um carinho e um abraço, muito mais que um afago.
Pense em quantos olhos cansados desmaiam de tristeza enquanto você reserva o seu tempo para levar o cão pra passear. Para andar pelos shoppings olhando as vitrines. Vidro no coração.
Venha! Veja como é bom o ato de se doar sem espera de recompensas, amando o próximo e fazendo seu papel de cidadão e humano. Humano? Não. Prefiro Divino. Seja Divino. Liberte-se de preconceitos e medos. Reserve um tempinho e doe-se. Você verá como é gostosa a recompensa dos olhos brilhantes ao lhe ver chegar. Um amor tão grande, como você não pode imaginar. Isso é que importa. Esse é o nosso papel. Não espere mais. Não temos mais tempo. O relógio corre. As horas voam. Vem!!
Ponha a mão na consciência e pense se você está fazendo tudo que pode fazer para construir um futuro melhor pra todos nós.
Está mesmo? Esta é minha carta chamando você. Una-se a nós. Seja um voluntário!