“Os bancos do PT
Depois de dar empréstimos generosos ao partido e a Marcos Valério, o BMG virou bancão. O Rural se livrou de uma encrenca
RICARDO GRINBAUM, MARCELO AGUIAR E MURILO RAMOS
CLIENTE PREFERENCIAL
Em 2003 e 2004, os bancos BMG, Rural e Banco do Brasil emprestaram R$ 96,6 milhões ao PT (R$ 132,8 milhões em valores atualizados). Pequena parte foi obtida diretamente pelo PT nos bancos, mas a maior parte teve a intermediação de empresas de Marcos Valério
Via Valério
BMG
Fevereiro 2003
R$ 12 milhões à SMP&B
Janeiro 2004
R$ 15,7 milhões à Grafitti
Janeiro 2004
R$ 3,4 milhões à SMP&B
Abril 2004
R$ 10 milhões ao advogado Rogério Tolentino
Rural
Maio 2003
R$ 18,3 milhões à SMP&B
Setembro 2003
R$ 9,9 milhões à Grafitti
Direto dos bancos
Banco do Brasil
R$ 19,29 milhões
Rural
R$ 5,3 milhões
BMG
R$ 2,74 milhões
Fonte: relatório do Banco Central
Agora já dá para entender por que BMG e Rural foram tão generosos com o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não se tratava de uma relação usual de banco com cliente. Surgiram fortes suspeitas na CPI de que os mais de R$ 50 milhões que emprestaram ao PT nem eram empréstimos. Seria dinheiro dado, pelos próprios bancos e por outras empresas como recompensa por boas vantagens. ""Os empréstimos concedidos pelo BMG ao PT foram acertados para não ser pagos"", afirma o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), integrante da CPI dos Correios. Os petistas teriam retribuído os empréstimos com benefícios políticos e de órgãos do governo, além de muito dinheiro dos fundos de pensão para os momentos de aperto. Apenas os fundos de pensão Postalis (dos funcionários dos Correios), Petros (Petrobrás) e Real Grandeza (Furnas) tinham R$ 530 milhões investidos no BMG e no Rural em dezembro passado. Os dois bancos negam ter recebido vantagens.
Cada banco tinha um interesse diferente. O BMG, instituição de pouca expressão até o governo Lula, virou um cisne mais rentável até que potências como Itaú e Bradesco. No primeiro trimestre de 2005 lucrou cerca de R$ 180 milhões, que é o dobro de todo o ano de 2003. Alcançou tamanho feito por ter entrado, antes de qualquer outra instituição privada, no lucrativo ramo dos empréstimos com desconto em folha para aposentados do INSS, a jóia da coroa do crédito, cobiçada há anos pelo setor. É um mercado potencial de R$ 20 bilhões, com risco baixíssimo, pois as prestações são descontadas no pagamento mensal dos aposentados. Esse filé ficou quase exclusivamente nas mãos do BMG por meses e a instituição cobrou o que quis nessa fase, enquanto os concorrentes se arrebentavam na tentativa de conseguir a mesma autorização.
Confira a seguir um trecho desta reportagem, que pode ser lida na íntegra na edição da revista ÉPOCA de 25/julho/2005”
Época online, 23/07/2005.
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