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Adeus mãe...
Quando vim para o Japão, em 1997, deixei no Brasil uma porção de pessoas queridas das quais tenho sentido muitas saudades nesses anos. Entre elas havia uma muito especial, a Tónha, com quem falei por telefone todos os meses nesse tempo que estou vivendo aqui. Ela era a minha cunhada – mulher do meu irmão mais velho – e a quem desde menino eu chamava de mãe. Não só eu, mas todo mundo a chamava assim. As noras, o batalhão de netos e bisnetos, os amigos e conhecidos, os vizinhos, meu irmão e até a empregada. Todos a chamavam carinhosamente dessa maneira. Sempre que eu ligava pra lá, bastava ouvir o “Alô” dito por sua voz suave e calma pra reconhecer nela quem me censurou e repreendeu na adolescência e que tantas palavras sábias e de amor me falou por toda a minha vida. - Oi mãe, eu respondia sabendo que ia ouvir um monte de perguntas que mostravam claramente a sua preocupação comigo. - Beto? Como ta filho? E a Regina? As crianças tão bem? Ta tudo com saúde? E o trabalho, ta ajuntando dinheiro pra vir ver a gente? Quarta feira, dia 27 pela manhã - terça a noite ai no Brasil – eu liguei pra ela sedento por ouvir as suas palavras carinhosas, porque no dia 26 eu havia completado 51 anos, e quem atendeu foi a Elizangela, uma menina que meus sobrinhos contrataram para fazer companhia e olhar pelos pais já velhos e com pouca saúde. - Alô... - Com quem estou falando? - É a Elizangela. - Oi Elizangela, chama a Toninha pra mim. - Quem quer falar com ela? - O cunhado dela. Fala que é o Beto. - Pera ai... Alguns segundos depois á mesma voz falou secamente, mas eu notei nela certo tremor: - Beto, eu tenho uma notícia ruim pra te dar. - Fala menina! - A mãe morreu. Amanhã faz uma semana... Estamos rezando por você mãe. Eu e todos aqueles que fomos tratados a vida toda como filhos, nunca vamos nos esquecer de ti... Antonia Benittez Carrasco CARLOS CUNHA
Quando vim para o Japão, em 1997, deixei no Brasil uma porção de pessoas queridas das quais tenho sentido muitas saudades nesses anos. Entre elas havia uma muito especial, a Tónha, com quem falei por telefone todos os meses nesse tempo que estou vivendo aqui. Ela era a minha cunhada – mulher do meu irmão mais velho – e a quem desde menino eu chamava de mãe. Não só eu, mas todo mundo a chamava assim. As noras, o batalhão de netos e bisnetos, os amigos e conhecidos, os vizinhos, meu irmão e até a empregada. Todos a chamavam carinhosamente dessa maneira. Sempre que eu ligava pra lá, bastava ouvir o “Alô” dito por sua voz suave e calma pra reconhecer nela quem me censurou e repreendeu na adolescência e que tantas palavras sábias e de amor me falou por toda a minha vida. - Oi mãe, eu respondia sabendo que ia ouvir um monte de perguntas que mostravam claramente a sua preocupação comigo. - Beto? Como ta filho? E a Regina? As crianças tão bem? Ta tudo com saúde? E o trabalho, ta ajuntando dinheiro pra vir ver a gente? Quarta feira, dia 27 pela manhã - terça a noite ai no Brasil – eu liguei pra ela sedento por ouvir as suas palavras carinhosas, porque no dia 26 eu havia completado 51 anos, e quem atendeu foi a Elizangela, uma menina que meus sobrinhos contrataram para fazer companhia e olhar pelos pais já velhos e com pouca saúde. - Alô... - Com quem estou falando? - É a Elizangela. - Oi Elizangela, chama a Toninha pra mim. - Quem quer falar com ela? - O cunhado dela. Fala que é o Beto. - Pera ai... Alguns segundos depois á mesma voz falou secamente, mas eu notei nela certo tremor: - Beto, eu tenho uma notícia ruim pra te dar. - Fala menina! - A mãe morreu. Amanhã faz uma semana...
Estamos rezando por você mãe. Eu e todos aqueles que fomos tratados a vida toda como filhos, nunca vamos nos esquecer de ti... Antonia Benittez Carrasco CARLOS CUNHA
Estamos rezando por você mãe. Eu e todos aqueles que fomos tratados a vida toda como filhos, nunca vamos nos esquecer de ti...
Antonia Benittez Carrasco
CARLOS CUNHA