O preço do gás natural subirá entre 14% e 16% para os consumidores de Minas Gerais entre setembro e novembro. O reajuste, que será aplicado pela Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), será resultado da alta do combustível anunciada ontem pela Petrobras, fornecedora do produto. Em Minas Gerais, a alta será de 8% a 9% a partir de 1º setembro, e de 5,5% a 6,5% em novembro, informou ontem o presidente da Gasmig, Flávio Decat.
De acordo com Decat, a Gasmig não dispõe de margem para segurar o repasse ao consumidor final. “A Gasmig é obrigada a repassar no momento em que o aumento é dado", afirmou. Ainda conforme Decat, em janeiro haverá novo reajuste de preços, conforme prevê o contrato de fornecimento com a Petrobras.
Apesar de salgado, o aumento que chegará aos consumidores de Minas Gerais será menor do que o aplicado no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Isto porque o gás consumido em Minas é fornecido em 30% pelo gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) e em 70% pela Bacia de Campos, e o aumento foi maior para o produto importado.
De acordo com a Petrobras, os reajustes anunciados ontem puseram fim ao congelamento do preço do combustível, que dura mais de dois anos, em virtude do aumento de custos na importação e na produção do gás no Brasil. A Petrobras informou ainda que o repasse para o consumidor final vai depender de cada distribuidora de gás canalizado.
Para o gás boliviano, haverá um reajuste de 13% em setembro e outro de 10% em novembro, o que representa uma alta acumulada de 24,3%. A medida é necessária, segundo a empresa, para a recuperação de margens perdidas com reajustes no contrato com a estatal boliviana YPFB, responsável pela venda do produto ao país. "O preço de aquisição do gás boliviano está vinculado a uma cesta de derivados de petróleo, que tem sofrido aumentos significativos nos últimos meses", informou, em nota, a estatal.
No caso do gás brasileiro, os aumentos serão de 6,5% e 5%, o que dá uma alta total de 11,8%. A Petrobras justifica o reajuste com o aumento de custos na produção e transporte do combustível no Brasil.
Os preços do gás nacional e boliviano estavam congelados desde janeiro de 2003, dentro de uma estratégia de incentivar o consumo nacional do combustível. A estatal informou que o repasse ao consumidor respeita peculiaridades dos contratos de concessão de cada distribuidora.
Algumas só podem reajustar seus preços na data de aniversário da concessão. A Sulgás, que atende o Rio Grande do Sul, por exemplo, informou que vai absorver o aumento, sem repasse para o mercado. A empresa avalia que tem condições de suportar o impacto da alta por causa do câmbio, já que o real valorizado em relação ao dólar ameniza o reajuste.
O reflexo na inflação será pequeno, avalia a economista Marcela Prada, da Tendências. Segundo ela, apenas Comgás e CEG, distribuidoras de São Paulo e do Rio, entram no cálculo do IPCA. Como consomem um mix de gás boliviano e brasileiro, o reajuste médio para as duas empresas será de 18%. Se for repassado integralmente ao consumidor, terá um impacto de 0,09 ponto
percentual no índice oficial de inflação. (*Com agência)
(Hoje em Dia, 20/08/2005).