O meu amor por Brasília não veio logo. Aliás, nos primeiros anos, contatos apenas ligeiros, eu confesso que não gostava da capital federal, das suas linhas arquitetônicas diferentes, das ruas sem esquinas, do ar seco, desértico, da indisfarçável goma da autoridade que permeia o ambiente das repartições...mas, aos poucos, com a permanência mais prolongada, ela foi jogando sobre mim os seus feitiços de moça bem arrumada, os encantos das suas chácaras escondidas na vegetação ao redor do lago, as suas igrejas, o seu por de sol alucinante, a sua alvorada espetacular, a vastidão deste planalto, os jardins, os trevos, as amizades, os sons, a música, a ousadia, a proximidade tão cheia de contrastes do poder.
Por fim, terminei sendo mais um amante desta cidade única, que vai crescendo de modo quase ordenado, porque os planos são quietos e controláveis enquanto estão no papel, mas se mostram surpreendentemente indomáveis quando caem no mundo real.
Esta, portanto, ao meu feitio, é a minha declaração de amor por Brasília, a bela dama do cerrado.