A sua coluna na página 3, segundo caderno de O Globo de hoje, anunciou o lançamento do livro "AI-5 - A Repressão no Brasil" pelo jornalista Helio Contreras. Nesse livro ele atribui ao brigadeiro João Paulo Moreira Burnier "a culpa do AI-5".
Mesmo antes de ler o livro, que ainda não foi lançado, quero que o senhor saiba que isso é uma irrresponsabilidade do jornalista Helio Contreras, atribuir a um ilustre militar, já falecido, a culpa por um fato do qual ele não participou e não tomou parte. Em 13 de dezembro de 1968, quando a proposta do AI-5, partida do ministro da Justiça, Gama e Silva, foi aprovada pelo presidente Costa e Silva e por todos os seus ministros, o brigadeiro Burnier, então chefe da Seção do Pessoal no gabinete do ministro Marcio de Souza e Mello, não tinha poderes de se imiscuir em assuntos dessa natureza, pois ainda não era o Chefe do Serviço de Inteligência da Força Aérea e, mesmo se o fosse, o senhor Helio Contreras deveria ter o cuidado de não atribuir a ummilitar honrado e patriota, que não mais está entre nós para se defender, uma responsabilidade que ele não teve e nem poderia ter, pois não participou e nem poderia ter participado da reunião do Ministério que aprovou o AI-5. Baseado na matéria que o senhor publicou em sua coluna, concluo que esse livro não passará de uma mais uma excrecência oportunista a pulular no mercado editorial brasileiro.
Atenciosamente
Rio de Janeiro, 27 de agosto de 2005
Antonio Pinto - Capitão da Aeronáutica (Reformado)