A voz do caçula responde ao telefone. Já sei da comunicação, ao invés de Atlanta, no próximo ano, irá residir em Buffalo, New York, bem mais longe de nós, muito mais frio, mas é o que ele deseja, está tudo bem.
Para nosso conforto, é bem verdade, pois temos nossa casinha em, Miami, seria melhor, muito melhor Atlanta, na Georgia, distando apenas umas tantas horas de carro, que a gente num dia de bom dirigir, saindo de manhãzinha, chegaria lá ao cair da tarde. Mas, há outras coisas envolvidas, existe o bem estar da pessoa, a vida profissional e sentimental para sopesar na hora da escolha e, afinal, nós somos apenas os pais visitantes, uma vez por ano, uns poucos dias e muita saudade pelo meio, o resto é o ano inteiro de batalha no hospital, lidando com a saúde pimpolhos americanos, naquelas longínquas e geladas paisagens. Mas, já nos imaginamos agasalhados, visitando Buffalo e cercanias: Toronto, Niagara Falls, enfim, aquele cenário onde o caçula irá residir ano que vem a partir de junho.
Já marcamos encontro no dia 30 de dezembro, no aeroporto de Fortaleza, quando ele chegue ao Brasil para umas breves férias e nós estaremos seguindo para a Florida. Depois, em janeiro, ficaremos juntos em Miami por cinco dias.
Enquanto isto, de Sobral, nos liga o primogênito, dando conta das suas andanças pela comarca onde milita, do projeto de adquirir um carro novo, das acontecências diárias no duro labor de juiz de direito, lidando com pessoas simples, algumas delas, para os fins da cidadania e da existência civil, inteiramente invisíveis, literalmente inexistentes, pois sequer possuem registro de nascimento.
E assim, dividido, o coração da gente se equilibra no João-Galarmate da saudade: um pé ali, outro acolá, sem deixar de estar também em Fortaleza, onde a filha e os netos se encontram, vivendo suas vidas longe de nós, avô e avó, pai, mãe, filhos...E a ciranda da vida nos levando, levando...Para onde?...Para onde?...