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Cartas-->POBRES CÃES DE FUMANTES! -- 16/09/2005 - 20:39 (ANTICRISTO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Veja só quem é fumante passivo...

Estudo da UnB mostra que cães cujos donos são fumantes sofrem de problemas como bronquite, tosse, alergia, coriza e espirros.

Ricardo Westin

Como se não bastassem os danos à própria saúde, os fumantes acabam de receber mais uma má notícia. Um estudo feito na Universidade de Brasília (UnB) adverte que, ao acender um cigarro, eles transformam até seus próprios animais de estimação em fumantes passivos.

Foram analisados, ao longo de dois anos, 30 cães da raça yorkshire terrier. Metade deles convivia com pessoas que fumavam pelo menos 20 cigarros por dia. A outra metade vivia em casas livres do tabaco. Resultado: todos os 15 animais habituados às baforadas sofreram alterações no organismo.

Os outros 15 mantiveram a saúde perfeita.

O veterinário Marcello Roza, autor do estudo, fez dois tipos de exame nos cachorros. O primeiro, de urina, detectou a presença de cotinina (um dos produtos derivados da nicotina, a substância do cigarro que leva ao vício) no organismo dos que inalavam a fumaça do cigarro. O segundo exame, uma broncoscopia, apontou que os cães fumantes passivos desenvolveram em seus pulmões mais macrófagos e linfócitos (células do sistema imunológico), uma reação do organismo às agressões do cigarro.

Quem convive com fumantes inala nicotina, monóxido de carbono, amônia, benzeno e outras substâncias cancerígenas.

Nos humanos, os efeitos do tabagismo passivo variam conforme a idade. Em bebês, segundo o Instituto Nacional de Câncer, o risco de morte súbita sem causa aparente fica cinco vezes maior. Em crianças, aumenta a vulnerabilidade à pneumonia e a bronquites e piora a asma. Em adultos, aumentam em 30% as chances de câncer de pulmão e em 24% as de enfarte.

SECREÇÕES PELO FOCINHO

Nos cachorros, as possibilidades de esses problemas surgirem são menores, já que eles vivem 12 anos em média, bem menos que o homem. No entanto, eles não têm como evitar os efeitos imediatos das baforadas dos donos, como irritação nos olhos, secreções pelo focinho, espirro, tosse e alergias.

`O ideal é não fumar. Se não tiver jeito, que o cigarro não fique perto do cachorro`, diz o veterinário Roza. `Essa iniciativa precisa partir do dono, porque, mesmo com a fumaça do cigarro, nem todos os cachorros se afastam.`

O pesquisador da UnB escolheu animais da raça yorkshire por dois motivos. Porque são pequenos, portanto normalmente ficam junto dos donos, mesmo dentro de casa. E porque têm o focinho curto, o que faz com que o ar não seja filtrado tanto quanto o que é aspirado por um cão de focinho longo.

É justamente um yorkshire o cachorro que mais tem dado trabalho ao veterinário Humberto Clementi. A última vez que ele esteve em sua clínica, por causa de problemas respiratórios, foi há alguns meses, depois de uma asfixiante viagem de carro com os donos, um casal de fumantes inveterados. `Eles viajaram o tempo todo fumando, com o ar-condicionado ligado e os vidros fechados.

Aquela fumaceira dentro do carro... A cachorra ficou péssima. Chegou tossindo e engasgando, com rinite e alergia, num estado bastante delicado.

Nesses casos, a única coisa a fazer é tratar os sintomas, principalmente com xarope. A cachorra demorou para se recuperar. Ficou traumatizada com fumaça`, conta ele.

INALAÇÃO CANINA

De acordo com a literatura e a prática veterinária, os gatos são ainda mais sensíveis às substâncias inalantes que os cães. Foi levando isso em consideração que a veterinária Rejane Pizzighini nem se preocupou em evitar fumar perto de Petruchio, o pequeno chihuahua adotado um ano atrás, ainda filhote.

Nos primeiros meses, o animal não teve nenhum problema. Há três meses, porém, surgiram as reações à fumaça de 30 cigarros diários concentrada num apartamento pequeno: tosses, espirros, lágrimas e coriza. Antes brincalhão e cheio de energia, o chihuahua ficou apático. `O Petruchio perdeu peso.

Fiquei tão preocupada que tirei um raio X do pulmãozinho dele. São os sintomas de uma bronquite que parece ser crônica`, diagnostica a dona. Contrariado, o chihuahua precisa se submeter a três sessões diárias de inalação com substâncias que dilatam os brônquios.

Enquanto aguarda a recuperação do mascote, Rejane promete: `Não vou mais fumar dentro de casa nem perto do Petruchio`.

Fonte : O Estado de São Paulo

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