Dramática realidade
Em síntese, trata-se de mostrar que os dois brasis – o rico e o pobre – estão cada vez mais distantes, exibindo a cruel desigualdade social do País
A enorme concentração de renda crônica acaba de ser comprovada por um estudo publicado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) e confirma que a globalização resultou em mais empobrecimento dos países periféricos. A pesquisa mostra que aumentou assustadoramente o abismo entre ricos e pobres, principalmente quando se levam em conta os hábitos de consumo. O estudo deve ser motivo de reflexão e análise pelas equipes de pesquisadores dos principais partidos brasileiros, que, em 2002, elegeram o presidente da República e a maioria das bancadas no Congresso Nacional . Segundo o trabalho, a classe A do Brasil, integrada por 6,9 milhões de pessoas, gasta mensalmente, com jóias, artigos de higiene, perfumarias, brinquedos e jogos, R$ 91 milhões. Trata-se de valor 18,5% maior que o dispendido com alimentos pela classe E, de 54 milhões de brasileiros. Além disso, também é maior que o consumo de arroz , artigos para o lar e outros produtos, pelos brasileiros de baixa renda.
Segundo seus autores, a intenção do estudo não teve em vista avaliar o grau de desigualdade no consumo doméstico, mas ofertar um indicador para micros e pequenos investidores na aplicação de recursos nas atividades produtivas. Em síntese, trata-se de mostrar que os dois brasis – o rico e o pobre – estão cada vez mais distantes, exibindo a cruel desigualdade social do nosso país. De um lado, a despesa das famílias com renda superior a 30 salários mínimos mensais (R$ 9 mil brutos), o que equivale a R$ 3,5 bilhões, é superior a todos os gastos da região Norte do País, mais Alagoas. A classe A de São Paulo consome por mês, com festas e comemorações, o mesmo valor que a população sergipana gasta com arroz, feijão e outros grãos alimentícios.
A pesquisa é importante porque abrange todos os municípios dos 27 estados brasileiros. Os pesquisadores usaram dados oficiais do governo (IBGE, Censo, Pesquisa de Orçamentos Familiares e Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios). Outra informação: mesmo entre as elites, o Brasil figura como campeão da desigualdade. Pelo IBGE, os mais ricos correspondem a apenas 1% da população brasileira, ou 1,8 milhão de pessoas. Mas há uma camada desse percentual, a dos milionários, medida pelos padrões internacionais adotados pelo banco de investimentos americano Merryl Lynch, que calcula em 100 mil brasileiros que somam 5% dos milionários do nosso país. O dado é assustador e prova que o combate à desigualdade e a brutal concentração de renda ficou perdido nas brumas dos não muito longínquos discursos eleitorais de 2002. (Estado de Minas, 19/09/2005).
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