Cai a tarde, não feito um viaduto, mas inteiramente roxa, queimando na fogueira do sol poente.
O cansaço ronda o gabinete, as pessoas já se movem em câmara lenta, passos arrastados, semblantes carregados de torpor de tantas horas de trabalho contínuo e extenuante.
Um sino, ao longe, tange o ângelus e uma FM qualquer toca a Ave Maria de Schubert, cantanda em latim por um norte americano, com aquela indefectível pronúncia de quem está com a boca cheia, mas não quer parar de falar..
Estou cansado também,pois me debrucei sobre inúmeros processos: dez feitos por mim mesmo; treze trazidos por um assessor; três feitos por outra funcionária e, por último, acabado de chegar, um caderno processual volumoso...Cumpri minha missão cotidiana. Recebi notícias boas vindas de casa. Conversei com um amigo que também me transmitiu alvíssaras eu já dei graças ao bom Deus que tudo pode e tudo faz para nosso bem.
E vou confiante aguardar a chegada da noite...