Usina de Letras

NATAL... Penso

No menininho
Sem leite
Nem pão
No velhinho
Ao abandono
Naquele canto da cozinha

E no coração
Que se dilacera
A cada badalar do sino

Um sino trôpego
Sem cadência
Num Jingle Bell
Infinitamente triste...

Milazul

NATAL

No Natal, a cidade iluminada,
cada loja se vê mais colorida,
Papai Noel alegra a meninada;
saudade em nós da quadra mais querida!

No entanto, uma criança na calçada,
sem pai nem mãe, tão só, desassistida,
cheira cola na lata enferrujada,
vai terminar pelas Febens da vida...

E a gente pensa: "Tanto riso e luz
e cores a lembrar-nos de Jesus
e todo mundo indiferente ao tal

do menino ali posto no abandono,
pouco se dá que vá dormir seu sono
sem ter brinquedo, ao menos, de Natal!"

Geraldo Lyra

MINHA PRECE NO NATAL

Novembro e Dezembro,
O ano chegou ao final,
Não posso esquecer da Usina
Como também do Natal...

E ele vem chegando alvissareiro,
Mas pouca coisa eu sei,
Alegria não sinto, penso bastante
No pobre que trabalha,
Que luta o ano inteiro,

Penso na sua vida sacrificada,
Vida extensa e cheia de labirintos.
Faço a Deus uma prece,
Pois tenho um desejo verdadeiro,
Desejo o bem que está quase extinto,
Peço pra Deus multiplicar o seu celeiro
E assim o pobre não se sinta tão faminto.

Peço a Ele que a comida,
Possa sobrar à minha mesa,
E que assim eu possa oferecer aos pobres,
Que pela bondade de Deus, a mim vier.
Neste Natal tenho para mim um objetivo,
Ter em Jesus ¿ o Cristo Real - Redivivo,
Por todo bem que na vida se fizer.

Tancredo A.P.Filho

USINATAL

É Natal...mas ainda estamos em novembro!
É que o comércio não para nas promoções...
Os homens já estão vivendo o clima da estação.
Há luzes multicores nas avenidas e nas praças.
Há cartões esboçando fraternidade.
Há promessas renovadas soltas no ar.
As vitrines estão chamando os consumidores.
As cores vivas, papai noel, árvores que frutificam
presentes, neve feita de algodão,
meninos pobres, no cruzamento das grandes
artérias portando caixinhas para amealhar moedas
arremessadas pelos motoristas de boa vontade.
É uma cortina de fumaça encobrindo a grande verdade...
A mensagem se repete há mais de dois mil anos e,
no entanto, os homens, irrefletidamente, tontos e
indiferentes, perdem-se no emaranhado da matéria e
nunca descobrem os encantos mágicos do ADVENTO!

José Ronald Cavalcante Soares

NAQUELE NATAL

Não haveria festa, nem presentes,
Os sonhos estavam ausentes,
A mesa, como sempre, vazia,
Motivos para alegria, não havia,
Roupas novas, nem pensar!
O pé descalço precisava caminhar.
Corpo cansado, nem banho podia tomar,
Sentia fome: no estômago um ronronar.

Uma tristeza maior surgiu de repente,
Sentou-se na calçada, apertou a mente,
Fechou os olhos e tentou recordar.
Se algum dia, em sua infância,
Foi realmente criança,
Se um brinquedo pôde ganhar
Do chamado Bom Velhinho,
Quem sabe de algum vizinho,
Ou de algum familiar.

Por mais que se esforçasse,
Não conseguia lembrar!
Teria sido esquecido,
Ou esquecera de gravar?
Não tivera bicicleta,
Bola, boneca ou pião?
Uma camisa de atleta
De algum time campeão?
Nem mesmo um sapato novo
Que tirasse o seu pé do chão?

Sentiu os olhos chorarem
Às lágrimas deu vazão,
Sentia frio, sede e fome,
Queria um pedaço de pão!
Da roupa, não precisava,
Pois o frio que o gelava,
Vinha do coração!

Deitou-se ali mesmo, encolhido,
Maltrapilho, aborrecido,
Sentindo a fome apertar.
Decidiu que dormiria,
Pois, quem sabe, sonharia,
Com um lindo despertar!
E foi nessa posição,
Que, no ombro, sentiu a mão,
E doce voz sussurrando,
Pelo seu nome chamando,
Enquanto os sinos tocavam
E os anjos anunciavam
A chegada do Natal,
Num cenário sem igual.

Luzes, fogos, brilho no céu,
Tinha até Papai Noel!
Crianças fazendo a festa!
Não distante, uma orquestra
Tocando em harpas e liras,
A mais linda melodia,
Que algum dia ele ouvira!

Os presentes eram flores,
Das mais variadas cores,
De perfume angelical.
Toda roupa era igual,
De um branco magistral,
E calçado, nem precisava,
Pois seu corpo volitava!

Entre sorrisos e hinos,
Viu anjos pequeninos,
Que a ele contemplavam.
Foi assim que viu a Luz,
E ouviu o Menino Jesus,
Que à sua alma sussurrava:

- Venha, Filho, hoje é Natal,
Para mim, todo filho é igual,
Seja velho ou criança.
Tenha Fé e Esperança!
Não me importa sua pobreza
Da vida material.
Use da alma, a riqueza,
Vá à luta com destreza,
Ponha comida em tua mesa,
Busque a água que te sacie,
Em vez da lágrima, faça Oração,
Segure na minha mão!
Siga sempre o meu caminho,
Aprenda a ver nos espinhos,
Da flor, a proteção.
Abra o teu coração!
Ame-se como a Mim mesmo,
Não mais queira viver a esmo,
Esqueça qualquer fracasso!
Eu te carrego em meus braços!

- Faça do Meu aniversário,
O momento corolário,
De Fé e Dignidade!
E busque a prosperidade,
Dentro do teu coração,
Vivendo sim, de verdade,
Sem mais dormir nesse chão!¿

Ivone Carvalho

Papai Oel, dia

Meu nome é Maria Luísa ¿ minha pima me chama de Maissa, ela, a Maria Clara só tem um ano e... não sei ¿ e tenho cinco meses, é meu pimeiro Natal.

Bigado papai e mamã, eles pessoas boa, dá carinho, leitinho, futa: manana, maçã, pêra, mamão (não gosto de mamão, mas a mamã diz que é bom) e como tudo.

Não chupo pepeta, mas adoro o meu dedinho. Não quero pedi nada pa mim, poque eles me dá tudo que peciso, mas to tiste, poque quando papai e mamã me leva pa passear, eu vejo quianças na rua, sem colinho, sem papá, sem futa, sem nada... Poque, Papai Oel? Dá pesente pa elas, pode sê: uma casa, não é casa que papai diz, é lar, família; dá manana; dá leite; dá esperança pa elas... E eu serei mais feliz ainda, nos próximo Nata, Natals - ah, pural é difícil - se um dia não tiver quianças com fome no mundo.

Papai Oel, bigado por tudo, eu te amo

Maria Luísa Mattos Schocair

INFELIZ NATAL

Promete Papai Noel, no Natal,
Dar a toda criança um presente;
Entrega-o à noite, furtivamente,
E todo ano faz de modo igual.

Nosso bom velhinho diz sorridente,
Impondo uma condição para tal:
- Deixem fora, junto à porta, no umbral,
Um de seus sapatinhos, simplesmente!

Com voz forte é o que sempre ele diz
Aos pequeninos, dançando uma valsa,
Porque assim a deusa sorte o quis.

Esta lenda de modo algum é falsa,
Porquanto não tem um Natal Feliz
Aquela pobre criança descalça.

Benedito Generoso da Costa

O SOL NÃO TEM SOMBRA

Nunca vi o sol ter sombra
porque nunca está aquém
e ninguém disto se assombra.
Quem tem luz enxerga além.

No Natal pegue uma alfombra,
nela deite olhando bem
para um céu que nunca ensombra.
Se deleite e diga amém.

Sinta a paz no coração
que lhe dá o firmamento
e ao seu Deus faça oração.

Rogue por cada pessoa
sofredora no momento
que no mundo está à toa.

Almir Camara

ENCONTRO NA NOITE DE NATAL !

Fez-se a brisa deliciosa
Na praia maravilhosa:
É noite linda, é noite de Natal,
A alegria verdadeira é essencial.

Penso em meu doce e querido
Menino, o meu dileto amigo,
Inspirador que me sustenta,
Olhar que me orienta.

É noite linda, é noite de Natal
E na Usina ele é fonte vital;
Vem-me uma idéia, uma luz,
Um pedido sincero a Jesus:

- Jesus Menino, neste teu aniversário,
Um bem a mim é necessário:
Quero me encontrar contigo, que sei
Da humanidade és o Rei!...

Compreensivo e sorridente,
Nas palhinhas deitado docemente
Para nos livrares de todo o mal,
Menino Deus, Menino universal.

Pedidos feitos de coração
São aceitos com razão;
Pode a magia do pensamento
Tornar-se verdade em um momento.

É noite linda, é noite de Natal,
Sonhar é permitido, é tão natural
E minh"alma, com sagrado amor,
Vê o sorriso de Jesus doce e encantador!

E neste encontro tão terno
Cada instante se faz eterno
Na linda praia, o mar, a lua e o vento
Abençoam este mágico encantamento.

É noite linda, é noite de encontro, é NATAL!

Vera Linden

Assim Ele diria...

HUMILDADE!
Nasci em um local rústico e ermo,
sem as condições ideais.
"A Luz de nossa Estrela interna
nos faz superar os obstáculos,
sem perdermos a nossa origem!"

SABEDORIA!
Ainda menino falei aos Doutores do Templo.
"Sabedoria é algo além
do que se aprende em livros!"

PERDÃO!
Me fiz Proteção, Respeito e Perdão a muitos.
"O mais importante não são os erros cometidos,
mas a sua redenção!"

PUREZA!
Sempre me cerquei da singeleza, inocência
e Pureza das crianças.
"Elas são o símbolo
do que se deve preservar para sempre!"

FÉ!
Eu curei os doentes que de mim se acercavam
em busca de um milagre.
"A Fé é bênção divina
quando se decide trilhar o caminho do Bem!"

FRATERNIDADE!
Partilhei o pão e o vinho com meus Apóstolos
em uma derradeira ceia!
"União e Fraternidade são as forças
necessárias para o repartir das dádivas!"

ORAÇÃO!
Me isolei em meditação para orar
e concentrar energia e coragem
para cumprir o meu Destino!
"A interiorização nos religa às Forças
Superiores, e à nossa origem Divina!"

IDEAL!
Fui injustiçado, renegado,
martirizado e crucificado.
"Tudo se enfrenta
quando se carrega no coração
um Ideal Sagrado!"

EVOLUÇÃO!
Ressurgi da Morte vitorioso e glorificado,
evidenciando uma Realidade Maior!
"O final de uma etapa
é apenas o início de outra!"

Trilha teu caminho seguindo os meus passos!

Use os instrumentos que te deixei!

Juntos, eles te levarão à Evolução!

Juntos, resumem-se em uma única palavra...

AMOR!!!

Dry@de

O SEGUNDO NATAL

Algo de gosto e desgosto
Há anos trago no rosto
Sem que evite esta mistura,
Algo de bem e de mal
Que em resumo é afinal
Juízo a par de loucura...

Meu ego em vão procura
O regaço da ternura
Em paz feliz com amor,
Mas a flor da amizade
Murcha, fenece à maldade
E o prazer desfaz-se em dor...

Já bem perto do sol-pôr
Que aceito sem temor
Forçado ou natural,
Regressando donde vim
Sei que a solução enfim
Tem um segundo Natal !...

António Torre da Guia

UM MUITO GRATO AGRADECIMENTO
À ADMINISTRAÇÃO DA USINA DE LETRAS

NOTA DA ORGANIZAÇÃO
Considerando as participações na USINATAL 2005, em memórica conclusão, eis exposta a USINÁRVORE efectiva, onde constam, por ordem de entrada, os inspirados trabalhos dos autores que se dignaram colaborar nesta interessante iniciativa natalícia.

Por motivos cuja razão pertence apenas ao critério dos respectivos agentes, não se consideraram os trabalhos que em princípio foram colocados e depois retirados. Todavia, se algo houver a repor ou a rectificar, a USINÁRVORE, a qualquer momento, estará disponível.

Assim, por especial deferência da Administração da Usina, a quem apresento um muito grato agradecimento, os nomes dos autores em referência serão oportunamente colocados no Quadro de Destaques durante um mês.

Com votos de um excelente ano de 2006 para o Colectivo Usinal, praza que todos cheguemos ao próximo Natal fruindo do maior bem que a vida pode proporcionar à nossa existência: a saúde.

António Torre da Guia

USINÁRVORE

Milazul

Lyra

Tancredo

Ronald

Ivone

Edmar

Schocair

Benedito

Obed

Usinárvore
Textos

Almir

Vera

Dry@de

Som = Os dedos de Shegundo Galarza

USINATAL 2005

Desde já e até 31 de Dezembro, participe na

♥ USINÁRVORE ♥

Consulte aqui o Regulamento

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