Carta da progenitora do Capitão Benedicto Lopes Bragança, aos Comunistas
Ministério da Guerra – Imprensa Militar, Rio de Janeiro, 1945
Bello Horizonte, 4 de fevereiro de 1936.
Desgraçado! Que fizeste do meu filho? Que mal te fez ele?
Mataste-o impiedosamente pela tua ambição de mando e de riqueza. Ele era um servidor da Pátria que tu traíste, mas não tinha o poder que tu ambicionavas nas tuas mãos.
Assassino!
Mataste meu filho, que aquela hora no cumprimento do seu dever velava, enquanto tu, maldito, demente idealista sacrílego, feria tua – Grande Mãe – Malvado, se tanto podes juntes com tua Madrasta – Rússia - e devolva-me meu filho !
Matricida!
Rasgaste o peito da boa mãe que quatro anos embalou a tua mocidade, dando-te roupas, alimentação, ensinamentos, no meio de centenas de irmãos, ferindo-a no coração.
Covarde!
Nem a morte te quer, tu que venalmente quiseste enfrentar um Exército leal não tens coragem para te matares. Mata-te, desgraçado, já que traíste mães que soubessem te guiar à senda do bem e que certamente não terá sentimento para chorar a tua perda.
Estas palavras escritas com lágrimas de saudade de meu filho, certamente, te causarão raiva. O meu filho foi bom em toda a extensão da palavra – filho abençoado, irmão idolatrado. Viveu 25 anos porque teve educação a par dos seus bons sentimentos; sempre trabalhador, estudioso e leal, - graças a Deus sempre cumpriu com o seu dever e cumprindo o dever morreu.
Eu, no meio da tristeza, da amargura e do sentimento que tenho de não ver mais meu idolatrado filho, sou mais feliz que tua mãe, essa infeliz, se ainda vive, se não a mataste ainda para ver de onde foste gerado!
O meu Benedicto é mais feliz do que tu, morreu de consciência tranqüila e justo se acha na paz de Deus, e o seu nome na terra é venerado como símbolo. O Brasil inteiro, e muito especialmente Minas, demonstrou nas homenagens que lhe tributaram nos funerais.
E tu, qual será o teu fim? Certamente na pupila do olho de Moscou.
Demente, olha para o céu, fita o sol se és capaz!
Matricida – pois esta hora tua mãe deve estar morta de dor, que tu lhe causaste.
Traidor!
Assassino!
Maldito, mil vezes maldito!
Ri, desgraçado, das minhas lágrimas, do meu desespero!