Esta é uma das cartas de amor da série "Um amor siciliano". O amor entre Enzo e Clara, digamos que esses são os seus nomes. Ele, um siciliano de Catânia, Itália. Ela, brasileira, romântica, capaz de viver um amor por correspondência.
Catânia, Julho de 2004
Meu doce amor! Adorabile Clara,
A brisa morna e o sol acariciante me empurraram para o mar. Hoje é um dia belo.
Eu gosto de lugares abertos e tranqüilos! É quando o nosso olhar se dirige ao infinito e nos sentimos livres.
Enquanto eu olhava minhas pegadas sobre a areia molhada e sentia a onda fresca lamber-me os pés, me senti fisicamente vizinho a ti.
Era tão doce ter nossas mãos estreitamente apertadas uma a outra.
Lembras da poesia dos enamorados de Peynet?
Tudo me parecia tão real.
Sentei-me na areia imaginando apoiar minha cabeça sobre o teu peito, e senti os teus dedos brincarem com os meus cabelos, a tua carícia descer sobre minha face, sobre o pescoço, sobre os ombros e depois parar um pouco abaixo... Sonhos, sonhos que a minha vida solitária me reserva.
Voltei o olhar para minha esquerda, vi uma sombra subir do mar e deitar-se sobre a areia. Então pensei que eras tu que tinhas vindo ao meu encontro. Mas depois me dei conta que não era nada daquilo. Longe algumas crianças faziam voar suas coloridas pipas e eu imaginei que uma daquelas pipas podia ser o avião que me transportaria a ti, ao Brasil.
Sonhos, sonhos e ainda sonhos que superlotam a minha fantasia de eterno sonhador. Sonhos, sonhos e ainda sonhos que se juntam a outros sonhos deste sonhador. Pensei!
Sim, minha doce princesa, hoje senti muito a tua falta.