Esta carta faz parte da série "Um amor Siciliano", uma linda história de amor.
Minha amada rainha,
A distância é como a neblina escura que freqüentemente não mostra o que se passa do outro lado.
De tudo o que escrevestes nesta última carta, muito não corresponde à verdade, e entre essas inverdades, aquela que tu chamas “Piedade”. Esta palavra no nosso amor não faz sentido. Eu jamais te escreveria por obrigação...
Eu sei perfeitamente quem és e como és indispensável para mim; como mulher, como esposa, como amiga, como flor perfumada e virtuosa: tu és sonhadora, bela, romântica, doce elegante e virtuosa. Infelizmente não estás comigo, não vives comigo porque estás longe, o que me faz chorar lágrimas que não desejo.
Eu também estou muito triste, amor, pela tua ausência na minha vida de todos os dias.
Desejo-te fisicamente e tu sabes o quanto me fazes falta. Não quero um amor físico que não seja o teu. O amor de outra mulher não me dará nada. E é por isso que te digo que me fazes tanta falta, pois o amor busca o amor e não a embriaguez momentânea do vinho no cérebro. Além do mais, nenhuma outra mulher encontraria lugar na minha vida. Não obstante o amor que sinto por ti e o que sentes por mim, ele será sempre um amor ideal.
Eu poderia escrever o meu romance no espaço de poucos meses, mas ao contrário, ele tem sido como a tapeçaria de Penélope. Escrevo de dia e desmancho de noite. Tudo o que faço não tem sentido porque falta a raiz, o motivo que me daria o prazer de voar, falta a vida que tu e só tu minha Clara, poderia dar-me, além do amor.
Sou como o meu Etna nesta foto, vê? Solitário, soltando fumaça pela boca para mostrar que está vivo e que respira.
“Somente a falta de amor nos deixa sem vontade de nada”. Tu me escreves, e é verdade amor, é assim. Só que o meu amor não falta, mas me faltas tu. Esta é a verdade, Clara querida. Eu releio sempre tuas cartas, revejo com amor tuas belas fotografias, como faço, neste momento, mas quando desligo o computador e não vejo mais tuas fotos, sinto-me com as mãos vazias e o desejo frustrado de ter-te comigo; como aconteceu com Adão que não pôde engolir o pedaço de maçã, só me resta um nó na garganta.
Em tua carta tu dizes que “é difícil cultivar flores sem água”. Sim, meu amor. Tens razão. Mas a minha flor és tu, Clara e a água é a nossa vida que não nos permite amar-nos de perto.
Esta é a nossa triste verdade, meu amor.