Quando o poeta mencionou que o amor não tem idade, eu respondi que realmente não tem e que aí reside a sua magia eterna!
O amor nos transforma em adolescentes, transforma os adolescentes em adultos e as crianças, em adolescentes. E justifico acrescentar, aqui, as crianças, pois nos dias de hoje há crianças apaixonadíssimas. É claro, que elas vivem paixões diferentes das nossas, devido à pureza e à beleza dos seus coraçõezinhos, mas que, nem por isso, seus sentimentos deixam de ser amor. E até exagero quando digo que isso ocorre nos dias de hoje, pois, na verdade, costumamos dizer que o primeiro amor a gente nunca esquece. E, com raras exceções, ao nos lembrarmos do nosso primeiro amor, sempre vimos uma criança em nossa mente, às vezes não tão criança, mas ainda não tão adolescentes. E assim, também, éramos nós.
O amor não tem hora para chegar. Às vezes, vivemos grande parte da nossa vida à espera de viver um grande amor. Amamos, nos sentimos amados, mas parece ficar sempre faltando algo maior, que marque nossa vida, que dilacere o nosso coração, que seja o ar que respiramos, o alimento que nos sustenta, o líquido que mate nossa sede.
E vemos o tempo passar, vivemos paixões, muitas vezes secretas, tão sigilosas que nem mesmo o ser amado toma conhecimento. Nesse caso, quando a paixão é unilateral, algumas vezes platônica, outras não, sofremos. Também quando amamos sem sentirmos reciprocidade do sentimento por parte da pessoa amada, sofremos ainda mais.
Mas o que não podemos, em hipótese alguma, é nos cercear o direito de vivermos o amor que sentimos, correspondido ou não. A busca de justificativas para cerceá-lo é viver a mentira, é perder a autenticidade, é ludibriar a nós mesmos.
Não importa a idade biológica. O amor é maravilhosamente vivido em qualquer época da vida. Com ou sem sofrimento. Com ou sem dor. Com ou sem lágrimas. Com ou sem correspondência. Porque o simples fato de amar arranca, de dentro de nós, a solidão. Pode nascer ou aumentar a saudade, pode brotar ou evoluir o desejo, pode despertar ciúmes, despeito, atos e pensamentos insanos, insensatez, pranto inesperado em momentos indesejáveis ou inoportunos, mas não importa, pois o simples (?) fato de amarmos já exclui o sentimento de solidão, pois temos em quem pensar, com quem sonhar, com quem viajar nossos pensamentos, nossos projetos de futuro, nosso sentimento presente, nossas esperanças.
E quando nos sentimos amados por quem amamos, a vida, então, fica ainda mais bonita, tem mais significado, tem mais cor, mais perfume, mais poesia, mais luz. Nossas lágrimas são doces, nosso coração acelera com harmonia, nosso peito às vezes parece querer explodir nos dando a vontade de gritar ao mundo inteiro o quanto estamos felizes. Sentimo-nos os seres mais importantes do mundo, especiais ao extremo, incomparavelmente as melhores pessoas.
A certeza de sermos amados por quem amamos eleva a nossa auto-estima, nos torna mais produtivos, mais perfeccionistas, mais zelosos com o nosso próprio corpo, saúde, bem-estar. Sentimo-nos fortes, com energia para dar e vender, crentes, bonitos, românticos, poetas.
E não importa qual a idade que possuímos. Se nos sentimos velhos para amar, para recomeçar a amar, para viver um grande amor ou mesmo para encontrarmos o único amor da nossa vida, temos que parar tudo e acreditarmos, piamente, que já existe, acumulado dentro de nós, tanto, mas tanto amor, que nos torna capazes de nos sentirmos moços, adolescentes, porém, possuidores da capacidade de amarmos tanto quanto, senão mais ainda, qualquer jovem ama, porque temos a certeza de sermos um depósito de sentimentos bons, dispostos a serem partilhados, doados, entregues ao ser amado, na crença de que pode até não ter sido ele o nosso primeiro amor, mas que, certamente, será o último, pois será eterno.
O amor não tem idade. E jamais devemos nos envergonhar de amar em qualquer tempo. Jamais devemos esconder a nossa verdadeira idade, temendo estarmos sendo ridículos pelo maravilhoso fato de amarmos ou buscarmos viver um grande amor. Ridículo é negarmos nosso verdadeiro tempo de vida já vivido, ou escondê-lo, temendo que isso afaste a pessoa que amamos, pois ela amará sempre a idade da nossa alma, das maravilhas que podemos doar em virtude de amarmos verdadeiramente. Eu quero ter os meus cinqüenta e quatro anos, sessenta, setenta, oitenta, mas viver sempre, com todas as forças, o amor que existe dentro de mim, tenha ou não correspondência, porque a certeza de amar existe, mas a de ser amada, nem sempre existirá.
Aí reside a beleza! Em apenas amarmos e nos deixarmos ser
amados, sem pensarmos na idade biológica, nossa ou na de quem amamos, porque o coração, não aquele que bate e nos traz hipertensão, mas aquele que dispara e às vezes parece querer explodir, não envelhece.
Ao contrário, o amor nos rejuvenesce a cada momento que nos sentimos amando e sendo amados!
Realmente, o amor possui encantos indescritíveis que, só mesmo amando, é que podemos constatar a beleza de sua essência, o seu encanto, a sua eterna magia.