Às vezes penso que a única coisa que temos, além dos sentimentos, que é só nosso e que podemos dar a ele o destino que quisermos, é o pensamento.
Ninguém pode ouvi-lo, vê-lo, bloqueá-lo, censurá-lo, interrompê-lo, modificá-lo, extirpá-lo. É sim como os nossos sentimentos. São tão somente nossos.
Pensamentos e sentimentos não podem fazer com que nos sintamos culpados ou envergonhados por possuí-los. Eles são nossos, única e exclusivamente nossos e são os nossos companheiros até, e principalmente, nos momentos em que mais sentimos solidão.
Partilhamos ou os expomos se queremos e com quem queremos e se acreditamos que serão recebidos da mesma forma com que os doamos.
Não raro, não somos compreendidos, quer com relação aos pensamentos, quer com relação aos sentimentos, e tantas vezes erramos quando os partilharmos com pessoas que acreditávamos serem nossas cúmplices ao ponto de podermos dividir o que é tão nosso.
Mesmo assim, não podemos nos arrepender de tê-lo feito, porque se erramos ao partilhar com pessoa que não nos entende ou não quer nos entender, não nos ouve ou não quer nos ouvir, não sente nem pensa como nós, pelo menos fizemos um bem a nós mesmos, porque nos demos a quem sentimos vontade de nos dar, a quem queremos bem, a quem acreditamos que também nos quer bem. Tão bom repartir o que é nosso com quem a gente ama, não é mesmo? Quando a gente se doa mais aumenta o que há de bom dentro de nós! Ruim é a gente querer partilhar e não poder, não importa por qual razão.
Ao descobrirmos que nossos sentimentos ou nossos pensamentos não são bem recebidos, são mal interpretados ou são vistos com indiferença, resta-nos deixarmos de partilhar com essa pessoa, ainda que isso nos entristeça, e trabalhar nosso coração para que ele não guarde mágoa e compreenda que as pessoas não são iguais, que estão, quase sempre, voltadas somente para elas mesmas, acreditando que os seus problemas são os maiores, suas dores são as mais doloridas, suas feridas sangram mais, suas alegrias são mais importantes, que receber é melhor do que dar. Na verdade, elas perdem muito mais do que nós!
Há muitas que não gostam de se sentirem amadas por nós, de serem nossas cúmplices e, antes que elas nos façam sofrer muito, precisamos é nos controlar e entender os seus modos de ser e sentir, respeitando-as e não permitindo que, de alguma forma, percamos a admiração que temos por elas e tampouco a amizade. Claro que, nesse caso, a amizade passa a ser relativa, superficial, porque se não podemos nos abrir com uma pessoa amiga, com quem poderíamos, então?
Já ouvi alguém dizer que estava me analisando para saber se poderia ser meu amigo. Acredita? Desde quando alguém analisa alguém para saber se pode ou não ser amigo? A amizade, tal como o amor, não é comprada, não é vendida, não é imposta, não é oferecida, não é solicitada, não é premio ou castigo para quem quer que seja. A amizade, tal como o amor, existe dentro da gente e, quando sentimos afinidade e alguma identidade, ela extravasa da nossa alma sem pedir licença, sem qualquer análise, sem observar sexo, raça, cor, religião, idade. Ouvir alguém dizendo que está nos estudando para saber se vai nos oferecer a sua amizade, é o mesmo que ouvir não me considere amigo!
É difícil a gente simplesmente se calar e esconder os sentimentos que temos por alguém e, quando a gente não consegue esconder isso, acabamos nos magoando e permitindo que nos magoem, que nos façam sofrer.
E tem gente que consegue desgostar com a mesma facilidade que aprende a gostar, desamar em maior velocidade do que levou para gostar, e há alguns que conseguem até transformar o amor que sentiam em sentimentos ruins, passando a desrespeitar, a serem indiferentes, a tratarem mal, enfim, a não corresponderem, de forma alguma, ao bom sentimento que temos por elas. É por isso, creio, que dizem que o amor e o ódio caminham lado a lado. Nunca acreditei nisso, mas tem gente que quer que eu acredite!
É uma pena quando isso acontece, pois isso nos permite duvidar de tudo que aconteceu de bom entre nós e a pessoa, e nos permite até pensarmos que fomos um brinquedinho em suas mãos, que não recebemos a mesma sinceridade que demos, que não fomos importantes como imaginávamos ter sido, para elas. E nos sentimos até um tanto envergonhados por termos revelado os nossos sentimentos e termos acreditado que eles eram correspondidos, pois nos fica a impressão de que levamos muito a sério o que não poderíamos crer que assim era.
Entretanto, na verdade, esses sentimentos de vergonha, culpa, arrependimento, mágoa, tristeza, não poderiam acontecer. E, se tiverem que existir, cabem apenas ao outro, porque nós nunca sabemos o que vai nos pensamentos da outra pessoa, o que elas sentem realmente, se transmitem o que verdadeiramente estão pensando e sentindo ou se, até por auto-defesa ou na ânsia de nos conquistar ou manter a conquista, falam ou agem de modo a nos fazer crer que somos correspondidos.
Dizem que um novo amor faz esquecer um velho amor e que um novo amigo nos faz esquecer um amigo que se foi. Eu ainda não consigo acreditar nisso, porque nos meus pensamentos não existe um novo ou um velho amor. Existe o nosso amor. O nosso grande amor. Existe o nosso amigo. O nosso melhor amigo. Quem a gente amou um dia, será eternamente amado por nós. Quem foi nosso amigo alguma vez o será para sempre, não importa em qual plano ele esteja.
É assim que funciona para mim: não sei deixar de amar, tampouco sei deixar de ser amiga. Mas a experiência tem me mostrado que sou exceção à regra. É tão comum ouvir alguém dizendo que deixou de amar, que tem um novo amor, que precisa de um novo amor para esquecer outro, que fulano já foi seu amigo, que um dia já gostou de alguém.
Como é possível deixar de gostar de alguém que fez parte ativa de nossa vida em algum momento? Como é possível esquecer alguém que marcou alguma fase de nossa vida? Como é possível dizer que alguém marcou a nossa vida? Se marcou, faz parte dela! E não podemos arrancar um dos nossos braços e colocá-lo de lado se ele não está sendo útil para nós num dado momento! A mesma coisa ocorre com o coração! Como arrancar um pedaço dele e deixá-lo incompleto? Nós damos um pedaço de nós a quem nós amamos, ou não? Melhor dizendo, nós nos completamos quando encontramos alguém que passa a fazer parte de nós! E, se essa pessoa é um pedaço de nós, como podemos descartá-la, pura e simplesmente, do nosso ser?
Nossa! Fui divagando aqui e falei um mundo de coisas que nem sei se ficaram claras, mas fui apenas dando asas à minha imaginação e aos meus pensamentos! Os pensamentos que são só meus e que não sei por qual razão estou aqui partilhando com quem talvez não esteja nenhum pouco interessado em saber o que penso sobre tudo isso.
Mas, talvez seja do interesse de algumas pessoas que, de vez em quando, sem coragem sequer para se identificar num e-mail e assinando-se como amigo, o que não é verdade, pois amigos jamais se dirigem aos seus amigos com vergonha, medo ou falta de coragem de se identificarem, escrevem mensagens com falsos conselhos, como se me conhecessem, soubessem algo sobre a minha vida, os meus sentimentos, os meus pensamentos, os meus princípios, os meus conceitos.
Seria bom se essas pessoas se preocupassem um pouco mais com suas próprias vidas, pois, além de se auto-intitularem amigos, sem o serem, julgam-me uma pessoa que não sabe o que quer, que não conhece a vida, que não tem conceitos e sentimentos definidos. São pessoas que pensam exatamente o oposto de mim e que não devem saber que não sou mais uma garotinha, mas, sim, uma senhora da terceira idade que, nem por isso, deixa de ter o direito de amar e viver a minha vida dentro dos meus princípios, buscando sempre o crescimento espiritual que é o que nos trouxe de volta à vida terrena. E, graças a Deus, com o coração tão jovem como o de uma adolescente!
E basta amar para que sejamos sempre jovens! O Amor nos faz crescer, seja através da alegria, das emoções, da felicidade, da retribuição, do carinho, do prazer, seja através das lágrimas, das dores, das decepções, das amarguras, das tristezas. O que importa realmente é amar, o que vale realmente é a grandeza do amor!
Tudo isso é complicado, eu sei. Talvez eu seja complicada! Talvez a vida seja complicada! Talvez o ser humano seja complicado!
E, talvez, tudo seja simples demais e somos nós que complicamos tudo!