A cada dia ouvimos mais gente falando, insistentemente, que estamos vivendo o fim do mundo. As pessoas insistem em exaltar a maldade que está dominando o coração dos homens, a frieza que, muitas vezes, sentem necessidade de assumir, o egoísmo, a insegurança, a destruição de famílias, de lares, de relacionamentos, de suas próprias vidas, de seus sonhos.
Enfim, fala-se da falta de tranqüilidade que tomou conta dos nossos corações e até dos nossos corpos.
Pede-se paz em todas as orações, não importando a religião, a raça, a cor.
Enquanto muitos, pacificamente, rogam pelo fim das guerras, das batalhas, da busca de posse de terras, de mar e ar, da fome, do frio, da falta de educação, saúde ou cultura, outros investem todas as suas forças e energias em busca da riqueza material para si ou para sua família, cidade ou nação, sem se importarem com o mal que possam estar causando a outrem.
Vemos pessoas que se destroem e até morrem, sem medir esforços, visando alcançar algum objetivo que pode nem ser seu, mas que se abraça em nome de uma causa, uma crença ou um ideal.
Diariamente, famílias choram a perda de filhos, maridos, mulheres, devido a erros médicos, assaltos, estupros, atropelamentos, acidentes causados por descuidos, falta de atenção, irresponsabilidade, maldade ou pressa.
Somos testemunhas da droga que degenera, enlouquece e mata nossas crianças, nossos jovens, nossos homens.
Fabricamos armas que em vez de combaterem inimigos, matam nossos irmãos, porque todos esquecemos que inimigos só poderiam ser aqueles seres irracionais chamados animais selvagens que matam, não por vingança, mas por defesa própria.
Temos o coração apertado, sofrendo antecipadamente a dor que nossos filhos ou entes queridos poderão enfrentar se vitimados pela agressão, pela dor física ou psíquica de todos que nos rodeiam.
Sofremos a todo instante. Sofremos pela perda ou pelo temor dela.
E, sofrendo, orando, apontando erros e soluções, esquecemos da nossa paz. Da paz que deveria existir dentro de nós. Nos nossos corações, na nossa vida, na nossa alma.
Não lembramos de cuidar do nosso interior, dos nossos pensamentos, dos nossos sonhos, da saúde do nosso corpo e do nosso espírito, da ordem das nossas próprias coisas, dos compromissos que assumimos com a vida, com a natureza, com as pessoas que amamos, com o Criador.
A paz começa sempre dentro de nós! Dentro de cada um de nós!
Se passarmos a valorizar um pouco mais tudo o que temos - seja pouco ou muito, mas temos! – descobriremos que é possível ser feliz e viver a paz, divulgando-a em todos os seus aspectos, não através de discursos, mas de sorrisos, de atos, de palavras amenas e sinceras, de gestos, de carinhos que podem ser demonstrados nas mínimas coisas que fazemos ou falamos, de detalhes que, muitas vezes, sequer são percebidos até por nós mesmos, mas que têm um valor imenso e podem repercutir sobre as pessoas que ainda não se sentem capazes de começar.
Hoje eu, tal como você, queremos essa paz que tanto dizemos não mais existir, mas que, na realidade, nunca existiu, porque as lutas, as guerras, a insatisfação, a ambição, o egoísmo, a maldade, a vaidade, sempre existiram entre os homens, talvez exatamente porque em nenhuma época eles se preocuparam em começar por serem melhores, antes de tentarem melhorar o mundo e estimularem o extravasamento do que há de melhor nas outras pessoas.
Precisamos acordar com melhor humor, sorrir para nós mesmos ao percebermos a possibilidade de viver mais um dia, agradecermos, olhar o que nos rodeia, a luz do dia ou da noite, a natureza que é sábia e rica, as pessoas que amamos e que temos ao nosso lado, nosso lar, as bênçãos que recebemos a cada momento e, daí pra frente, partilharmos essa constatação com todos aqueles que cruzarem o nosso caminho, por qualquer meio ou forma.
Existe alguma coisa que simbolize mais a paz do que o sorriso de uma criança? Então, deixemos que a criança que existe dentro de nós se extravase o tempo todo, sorrindo, fazendo os olhos brilharem, proclamando a paz que existe em nossos corações para que ela tome conta do universo!
Permitamos que a meiguice que possuímos, muitas vezes tão escondida dentro de nós, seja a portadora dos nossos sentimentos, da nossa ternura, da nossa sensibilidade, exaltando, assim, a pureza infantil que tantas vezes deixamos congelada em nossos corações, mas que, sem dúvida, contém a nossa essência espiritual, a capacidade que nos foi permitida para espiarmos os nossos próprios erros, para nos redimirmos, para crescermos espiritualmente, buscando a sabedoria e o conhecimento.
