É, cara e Ex.ma Amiga, sou dos que gostam de perdoar e fico desvanecido com quem sinceramente também me perdoa...
Só que, infelizmente, há factos deveras imperdoáveis. Mais: factos que nem que se queiram perdoar não se pode, é impossível...
A partir de Abril de 1974 comecei a soçobrar no mais profundo dos abismos, dia a dia, lentamente, imparavelmente. Só ao abrir de 1981 é que constatei não mais valer a pena lutar pelo irrecuperável. Uma vez lançado na derrocada pelas circunstâncias para as quais não concorri, só parei de encontro ao impossível. Fiquei como náufrago na praia após o desastre e, a não ser eu próprio, nada mais havia para salvar.
Por consequência, hoje sou ácido, cáustico, completamente desiludido com o tácito humano que persiste em vão buscar avante o que nunca mais encontrará.
Dedico-te este poema, Milazul, para que bem entendas uma das vertentes do imperdoável. Não poderemos nunca perdoar o imperdoável.
Com um abracinho sinceramente portuga, esperando que bem aprecies este trabalho...