Acordei com uma inspiração muito forte
em relação a uma amiga.
Ela está passando por uma aflição
que eu bem conheço:
a doença que debilita o corpo
de sua amada mãezinha Luzinete
e que cava feridas dolorosas na alma
desta filha amante e dedicada.
Eu compreendo bem, querida Mone,
o que significa ver o ser que mais amamos
definhar, vítima de um sofrimento atroz.
Há momentos em que a fé
quase se extingue
e o desânimo começa
a nos visitar...
Assistir à degeneração progressiva
daquela que, aliada ao Criador,
nos deu a vida... É dilacerante...
Sabe, amiga Simone...
O maior receio que eu já tive
em minha vida, desde menininha,
era o de perder minha mãe.
E eu afastava essa idéia de todas as maneiras,
Pois não conseguia visualizar-me
sem a presença dela no meu mundo...
Mas...
Quando, depois de três longos anos
de sofrimento, minha mãezinha
foi chamada para o além,
eu, finalmente compreendi
o quanto estava sendo egoísta,
em meu sofrimento,
tentando prendê-la a este mundo...
E quando, por fim,
tive a coragem de ver minha adorada,
ainda na cama, já sem vida... Mas com a fisionomia
tranqüila, como há muito tempo eu não via
(como se me dissesse ‘Filha, descansei finalmente”)
compreendi, então, uma coisa:
não somos donos de nosso tempo
e aqui não é o nosso lugar...
Uma certeza inviolável fez-me sentir
que há um “Mundo além”...
Um mundo que ela sempre me ensinou
e que estava,
naquele momento de sua passagem,
mostrando-se para minha mãezinha.
Não sei por quê, minha querida,
Mas tive urgência
de escrever-te esta cartinha...