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Cartas-->TANTO APRENDI COM VOCÊ! -- 15/04/2006 - 03:26 (Ivone Carvalho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TANTO APRENDI COM VOCÊ!
(Ivone Carvalho)


Quanto eu aprendi com você! Quanto mudou a minha vida depois de você!

No primeiro momento eu me assustei. Já não a esperava. E você chegou. No meu ventre, senti a sua vida durante nove meses. No nosso lar tudo se modificou, pois tudo girava em torno de você, da sua vinda, da alegria que você nos daria, da felicidade, entre nós, que você completaria pois, felizes, nós já éramos e descobrimos, de repente, que poderíamos ser ainda mais.

E tão somente o amor reinou em cada minuto das nossas vidas, como reina até hoje. E as irmãzinhas ansiosas, tão mais velhas que você, participavam de cada detalhe, cuidando para que a mamãe e o bebê tivessem tranqüilidade, proteção, bem estar, saúde.

Opinaram em cada ponto de cada malha que eu tricotava, escolhendo cores, modelos, pontos. Escolheram o seu berço, o seu enxoval, a ornamentação do seu quarto, os brinquedos que a esperariam.

O seu coração era ouvido quase que diariamente por elas e os seus pontapés provocavam seus risos de ternura e encantamento. Pela primeira vez elas tinham a oportunidade de acompanhar cada passo de uma gestação, dos cuidados para com ela, dos preparativos para a chegada de um novo ser.

Quantos nomes foram sugeridos para combinar com o nome Fátima que já era certo? E foram elas que decidiram! Você seria a nossa Camila de Fátima!

E os nove meses se passaram tão rapidamente! Num clima de alegria e muito, muito amor!

Nenhum de nós poderia imaginar que, ao completar os nove meses, o seu coração pararia de bater. Ainda dentro do meu ventre!

Quanto martírio viver aquela dúvida tão cruel que não me deixava participar a nenhum deles o que eu tanto temia. Foram as mais sofridas horas da minha vida! Eu não podia acreditar, tampouco aceitar, mas eu sentia! Eu rezava! Meu Deus, quanto eu rezava! Implorava para estar enganada, para que o meu coração estivesse me pregando uma peça. Quem sabe era assim mesmo e eu já não me lembrava?

Não podia partilhar o meu sofrimento, mas a dor que eu sentia era pior que a dor do parto, pois era o coração que estava dilacerado. Adiei o máximo que pude o horário da constatação da verdade que só minha alma conhecia e me fazia chorar desesperada e silenciosamente. As dores naturais do momento eu mal podia sentir. Mas elas vieram, todas, porque a natureza é perfeita. Mas nenhuma era maior do que a que rasgava meu peito quando as assistentes do obstetra confirmaram a notícia que eu já esperava.

Eu quis morrer junto com você! Por alguns momentos eu esqueci que a minha vida não se resumia só em você e, num ato de desespero, duvidei da Bondade e da Sabedoria do Pai Divino. Quanto perdão eu pedi a Ele momentos depois! E me lembrei que a dor não seria só minha! Que você era esperada por todos nós e, talvez tanto quanto eu, todos sentiriam o mesmo sofrimento.

E tudo, então, mudou dentro de mim a partir daquele dia 15 de abril.

Filhinha querida e tão amada! Hoje faz dezessete anos que eu imaginei ter perdido você para sempre. Não podia pensar, naquele dia, o quanto você me ensinava naquele momento e em todos que se sucederam. Não só a mim, mas a todos nós que a esperamos com tanto amor.

Suas vindas ao nosso lar, enchendo nossos corações de alegria, nos deram a certeza do quanto foi importante a sua escolha para nascer entre nós, para ser gerada no meu ventre, para fazer parte desta nossa vida.

Quando a vi pela primeira vez, quatro meses após aquele quinze de abril, e vi o seu sorriso e ouvi as suas doces e divinas palavras, e a ouvi me chamando de mamãe, e você me levou até onde está para que eu constatasse o quanto está bem e feliz, o quanto é linda a sua morada, o quanto de Luz existe em você, o quanto de amor você pode dar, o quanto você pode ensinar, auxiliar, trabalhar, enfim, filhinha amada, eu consegui, naquele momento, descobrir que não podia seguir chorando e sofrendo, porque a minha tristeza a faria triste e a tristeza não combina com o paraíso onde você vive, tampouco com a vida eterna, o maior presente do Pai. E atendi o seu pedido não mais chorando pelos cantos a todo instante.

Eu a vi como anjo, o meu anjo, um lindo anjo com características humanas. Uma linda criança com a mesma feição do bebê que eu nunca pude pegar no colo, mas que toquei e que recebeu as lágrimas que deixei cair sobre o seu corpinho frágil e sem vida. E descobri que eu não poderia lhe ensinar nada do que é mais importante para cada um de nós, pois foi você quem me ensinou a crescer espiritualmente, que me mostrou a importância do que realmente é importante. Você despertou em mim a necessidade de ler, de me dedicar ao estudo que me mostraria o que é realmente o Amor, a Vida, a Eternidade.

E tantas outras vezes você se fez presente, não mais preocupada com esta mãezinha que só sabia chorar e se culpar por tê-la perdido, mas, sim, para que eu soubesse sempre que estamos juntas, que sempre estivemos, que sempre estaremos. E não foi apenas comigo que você se preocupou, porque a mesma alegria que me deu, você fez questão de dar ao papai, à Déinha e à Claudinha. E todas as vezes que sentimos a sua presença, que a vemos, choramos de saudade, mas essas lágrimas se misturam às de felicidade por termos a certeza de que você é um Anjo de Luz.

Você conhece as minhas fraquezas e sabe o quanto eu fico imaginando, a cada dia, a cada ano, como você estaria hoje se tudo tivesse sido diferente.

Mas sabe, também, que hoje eu sei que aí onde você está, tão pertinho de Jesus, todos os anjos estão comemorando esta data conosco, certamente cantando doces canções, ao som de harpas que produzem as mais lindas melodias, dançando uma linda valsa entre flores, estrelas, nuvens, cercando-a numa ciranda repleta de Luz, onde você volita alegremente transmitindo para nós todas as bênçãos constituídas do Amor, da Paz, da Fé, da Esperança, da Luz que existe em você.

Que Deus a abençoe, filhinha! A cada dia que passa eu sei que mais se aproxima o momento do nosso reencontro. E isso me faz mais feliz!

Parabéns, minha Camila de Fátima! Você sabe o quanto eu a amo, o quanto a amamos!

15/04/2006

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