Manhãs frias de mês de julho, recordações não muito prazerosas me vêem a mente, foi em uma dessas manhãs que você nos deixou, partiu para sempre, mas sua lembrança ficou para sempre gravada em minha memória, lembranças de uma mulher sofrida, ainda jovem mas já marcada pelo sofrimento e pela lida dura e implacável para sustentar tão numerosa família, além das tarefas domesticas, lutara bravamente no trabalho no campo, uma camponesa, brava, forte, guerreira, não pertencia a nenhuma Liga de Camponeses, defendia seu sustento, seu salário e seu território sozinha, apenas com ajuda dos filhos, todos menores mas igualmente guerreiros. Hoje lhe procuro rotineiramente em meio a milhares de rostos femininos, igualmente sofridos como o seu, não te encontro, procuro novamente em meus sonhos de infância sofrida lá no campo, nas mesmas manhas frias de mês de julho, te encontro sempre tentando nos amparar, nos dando carinho, afago e sempre uma palavra de esperança, aquele seu olhar sempre longínquo, distante nos últimos dias de seu calvário, mas sempre carinhoso e acolhedor conosco, cada dia que nos encontrávamos nos finais de tarde, o carinho sempre presente com seus netos, pelos quais mantinha um grande afeto, a preocupação o cuidado sempre sofrido com o caçula da família que ainda se mantinha sobre seus cuidados e olhares sempre atentos. Mãe, Maria mãe de Deus e nossa, estás sempre presente em nossos encontros, em nossas confraternizações, sabemos que estás nos olhando, nos contemplando com aquele mesmo olhar, longínquo e distante mas sempre atento. Saudades, que dizer, apenas saudades, muita saudade.