Sonhando contigo
Adorada Clara,
Eu despertei no coração da noite e vi que estava na tua cama.
Tu dormias profundamente, suavemente deitada do lado direito deixando descoberto o lado do teu coração.
Dormias tão profundamente, talvez porque estavas cansada de um pesado dia de trabalho e não havias recebido a minha carta diária.
Aproximei-me de ti, posei a cabeça suavemente sobre teu travesseiro e o meu peito ficou encostado à tuas costas brancas e macias.
Teu sono era ainda profundo e não sentias minhas carícias e os beijos meus.
Houve um momento em que pousaste o braço esquerdo sobre o lençol e o teu corpo macio ficou a olhar o céu. Então aproveitei a tua posição e encostei o meu peito ao teu; a minha face encostada à tua e a espádua apoiada ao teu braço, parecia que nos abraçávamos. Ouvia a tua respiração e Tive muita vontade de beijar-te de novo, de acariciar-te. Então, sem fazer nenhum rumor, comecei a beijar-te os cabelos, a fronte, a boca.
Mas tu dormias profundamente e não sentias a minha mão que, como uma pluma de ganso, acariciava todo o teu corpo.
Nesse ponto, sentei-me sobre o leito e comecei com meus beijos, a doce sinfonia do amor; beijei a tua fronte e os teus olhos.
Mas tu dormias profundamente. Beijei tua orelha, tua face e o teu pescoço, mas tu dormias ainda.
Quando no momento mais bonito da noite, eu pousei a minha boca sobre a tua, ouvi um pequeno som e um suspiro teu: “Ahhh! Como é bom ser beijada no sono”. Dissestes docemente, readormecendo profundamente.
E foi assim que encostei o meu peito ao teu peito e vi os meus beijos e minhas carícias se perderem nos confins do sonho.
E tu que dormias profundamente e não percebias a minha presença, perdendo assim o prazer e o sabor dos meus beijos e das minhas carícias.
Confesso-te que eu estava naquele ponto, como o Etna, puro fogo. Eu queria te abraçar, eu te queria a todo custo, mas tu dormias profundamente e não me pareceu certo possuir-te enquanto dormias.
Hoje, domingo, dia de repouso, te deixo esta imagem minha e tua. E te peço meu amor, não durmas assim tão profundamente da próxima vez que eu te visitar em sonho, pelo contrário, leva-me contigo no teu sono, por onde tu quiseres.
Um beijo, minha doce Clara.
Enzo
Carta da série "Um amor Siciliano".
Brasília, 18/06/06
Hull de La Fuente
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